Cabelo colorido, cabelo branco, corte em casa: o que mostram as pesquisas mais populares no Google
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Cabelo colorido, cabelo branco, corte em casa: o que mostram as pesquisas mais populares no Google

por Manuela Aquino

Isolamento social, salões fechados e distância de críticas massivas. Soa como uma oportunidade para colocar em prática a decisão (muitas vezes adiada) de fazer uma mudança radical no cabelo. Cuidados com a pele e cortes de cabelo para fazer em casa dominaram as pesquisas de beleza mais populares de 2020, segundo o Year in Search, relatório anual do Google que mostra os maiores picos de tráfego por tempo: como cortar o cabelo, a franja e tingir os fios em casa estavam entre as expressões mais buscadas.

Sobraram tutoriais de como fazer a “pandemic fringe”, como ficou conhecida a franja meio rocker e desalinhada lá fora. Teve gente que se aventurou a descolorir os fios em casa e aproveitou para levar o tie-dye multicolorido também pro cabelo. O Instagram mostrava cabelos cur- tíssimos e coloridos num clima quase adolescente de experimentação. Tatiana Vasconcellos, jornalista e apresentadora da rádio CBN, disse que a escolha pelo azul pode ter tido essa motivação. “Só consegui cortar a franja em casa e, com o passar dos meses, ela foi ficando inteiramente branca, em contraste com o cabelo meio castanho e ruivo”. Na primeira ida ao salão, fez mechas loiras para harmonizar a franja claríssima e depois partiu para o cinza e azul nas pontas. “Não ir ao salão todo mês e estar afastada de toda a vida social me deu uma certa segurança. E quando vi que estava menos grisalha do que imaginava minha adolescente que nunca teve o cabelo colorido voltou!”, diverte-se.

Como a Tati, muitas mulheres inspiradoras deixaram a tinta de lado e passaram pela fase da transição para redescobrir a sua imagem no espelho acompanhada dos fios naturais. Uma delas foi a apresentadora Astrid Fontenelle. Quem acompanha sua carreira sabe que medo de mu- dar não faz parte da sua personalidade. Ela já teve fios bem vermelhos na época da MTV, pixie platinado, rosa. Fora os apliques, que ela usava quan- do as perucas perfeitas ainda nem existiam. Astrid começou a mudar o cabelo muito cedo, aos 12 anos, quando fez permanente. “Cabelo diz muito sobre a gente, traduz nosso estado de espírito. Agora, durante a pandemia, deixou os fios crescerem sem tintura. “Praticamente nasci loira, pois é a cor de cabelo que mais amo e que mais combina comigo. Mas de uns anos para cá fiz uma pasta no Pinterest com referências para quando fosse assumir os brancos. Já havia essa semente em mim”, conta.

Não foi só o salão fechado que estimulou a onda de mulheres assumindo os brancos e grisalhos. Vale lembrar que boa parte de comentários desestimulantes que envolvem essa mudança não serão ouvidos. Essa é a percepção da cabeleireira Simone Pires, do salão A Naturalista, de São Paulo. “Senti que houve um movimento de se permitir deixar para ver como fica, já que estamos em casa e mais longe da pressão estética, olhares e comentários que cabelo branco é sinônimo de desleixo ou que envelhece”, fala. Ela mesma já passou pela transição e sabe como pode ser um período delicado.

Parar de pintar, depois que se toma coragem, passa a ser um ato de liberdade, principalmente se sua rotina de manutenção prevê reto- ques quinzenais, como era o caso da maquiadora Giselle Magatti, que tem o couro cabeludo sensível e muita enxaqueca no processo. “Come- cei a pensar em deixar os fios brancos porque estava cansada. A vontade foi crescendo e aproveitei a quarentena para experimentar. Tô vivendo essa transição, fico imaginando quando ele estiver todo prateado, tô me achando bonita!”, diz. A liberdade também bateu à porta da consultora de moda Thais Farage. Ela já estava cansada da cor do cabelo, mas no lugar de passar pela transição vendo a raiz crescer, ela resolveu raspar.” Minha primeira ideia era ir deixando a raiz branca crescer e, aos poucos, ir trocando a cor. Mas não aguentei”, conta. E no meio de toda a segurança que a fez raspar e assumir os brancos, ou seja, quebrar dois estereótipos de beleza, Thais acha que temos um longo caminho a percorrer na questão da aceitação. “Ouço que o cabelo branco funciona pra mim porque sou estilosa. Discordo demais, mas sinto que é uma conversa que, no Brasil, tá só começando! O fato de usar o cabelo super grisalho e falar abertamente sobre isso já ajuda! Eu só tive coragem de deixar o cabelo natural porque vi outras mulheres fazendo, achei bonito e quis testar. A gente não deseja o que não conhece.”


Foto: Alex Batista
Beleza: Helder Rodrigues
Styling: Larissa Lucchese
Modelo: Rosa Saito
Vestido Aluf

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