Monge budista, maquiador e ativista LGBTQIAP+: vem conhecer o Kodo Nishimura!
Pessoas

Monge budista, maquiador e ativista LGBTQIAP+: vem conhecer o Kodo Nishimura!

por Larissa Nara

Filho de sacerdotes budistas, nascido e criado em um templo em Tóquio, Kodo Nishimura vai muito além da imagem que, geralmente, se faz de um monge. Ordenado em 2015, hoje com 33 anos, ele também é maquiador de celebridades e eventos como o Miss Universo, e ativista-referência no Japão, onde é convocado para falar sobre direitos LGBTQIAP+ com frequência. Recentemente, tem sido destaque em muitos veículos no país e no exterior – em 2019 participou da série Queer Eye: Luz, Câmera, Japão!, da Netflix, e participará da edição de agosto da Vogue Japão. Além disso, este ano teve sua biografia “This Monk Wears Heels: Be Who You Are” (“Esse monge usa salto alto: seja quem você é”, em tradução livre), que foi lançada em 2020, traduzida para o inglês e publicada no Reino Unido e Estados Unidos.

Dono de uma carreira e personalidade que combinam tradições seculares e modernidade, quando não está em seus trajes religiosos, ele usa kimonos feitos de camiseta, maquiagem, salto alto e cílios postiços e aproveita sua influência no Instagram (o perfil atualmente conta com mais de 70 mil seguidores) para documentar seus interesses e inspirar outras pessoas da comunidade. Em uma ótima entrevista à Wallpaper, diz que espera que sua história, e o fato de ter uma posição como líder religioso, mais o apoio da Federação Budista do Japão, gere conscientização e inicie um debate sobre os direitos LGBTQIAP+ no país — que, apesar dos avanços ainda segue socialmente conservador em muitos pontos.

Budismo, maquiagem e beleza
À reportagem, Nishimura conta que, durante a adolescência, lutou para entender como poderia reconciliar sua identidade LGBTQIAP+ com a educação budista e que só aos 18 anos, quando se mudou para os EUA para estudar na Parsons School of Design, em Nova Iorque, começou a abraçar plenamente quem era. Foi nessa época que se sentiu livre para começar a experimentar o que tinha vontade e, em seu terceiro ano de estudos, estagiou como assistente de maquiador no Miss Universo, o que abriu portas para os backstages de eventos como Miss EUA e NY Fashion Week.

Após se formar, decidiu voltar ao Japão para estudar budismo com o intuito de enfrentar as ansiedades que tinha em relação às suas raízes. Ele conta que, enquanto estava em Nova Iorque, ou quando viajava na Europa, sentia que os valores religiosos eram um dos maiores obstáculos para que as pessoas fossem elas próprias e em relação ao budismo, confessa que não costumava entender inteiramente quando era mais novo, mas que compreendeu que precisava estudar com profundidade para ter uma opinião válida, a partir de um conselho de sua mãe. “Decidi pela formação de monge, para ver como era e se poderia me ajudar a evoluir como pessoa. A essência do ensino budista não é manter e preservar uma imagem tradicional, mas sim ajudar as pessoas. Por isso pensei, porque não aplicar esse ensinamento ao que as pessoas estão hoje interessadas, como a maquiagem ou a moda, a fim de tornar o budismo mais relevante e abordável”?.

Para ele “a beleza é a capacidade de encontrar a beleza” e a maquiagem é uma ferramenta que pode ser usada para iluminar essa descoberta. “O desejo de ficar bonito pode ser uma força positiva em vez de um obstáculo na vida. Ele pode ser a fonte de sofrimento, se você for viciado em algo que possa te sufocar a longo prazo. Porém, desligar-se completamente de qualquer tipo de desejo, quer isso seja querer parecer belo ou querer ter mais coisas, não é necessariamente certo. Enquanto formos humanos, devemos querer viver, devemos querer comer, dormir, ter desejos sexuais… Assim, negar o desejo não é o objetivo, mas eliminar certo desejo é a solução”.

Meditação para a vida real
Seus pensamentos sobre a meditação são igualmente encantadores — especialmente para quem acha que aquela história de esvaziar a mente não é lá muito fácil. “Prefiro vomitar todas as minhas emoções e pensamentos no papel ou conversar com as pessoas sobre eles”, diz. “Pensamentos são como fantasma. Se você não os torna tangíveis, eles permanecem te assustando. Se você escreve os seus pensamento, os torna em algo que pode ver, eles se tornam menos assustadores.”

Vale ler a entrevista completa!

Compartilhe

Leia mais!