Por que continuamos interessadas em ativos clássicos como vitamina C e ácido hialurônico?
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Por que continuamos interessadas em ativos clássicos como vitamina C e ácido hialurônico?

por Vânia Goy

Elisabeth Bouhadana é Diretora Científica Global da L’Oréal Paris e trabalha há mais de 17 anos nos laboratórios do grupo francês — o que significa que ela acompanhou esse boom de interesse sobre skincare e também está envolvida em pesquisas que devem se transformar nos creminhos do futuro. Batemos um papo no Rio de Janeiro, quando ela esteve por aqui para apresentar a linha hi-tech Revitalift Hialurônico, com três produtos para linhas finas do rosto e dos olhos. Acompanhe a nossa conversa sobre ativos clássicos e tendências!

Sinto as consumidoras brasileiras interessadas em aprender sobre ingredientes tradicionais, como vitamina C ou ácido hialurônico, e um movimento da indústria em lançar produtos que comuniquem esses ativos como estrelas de suas fórmulas. Estamos vivendo um revival deles?
Há dez anos, estávamos debruçados sobre a pesquisa de novos extratos de plantas, inspirados por esse interesse em ingredientes naturais. Agora, o que vemos nos EUA, Europa, China e Coréia é um retorno às moléculas tradicionais usadas na dermatologia. Por que? Skincare não é uma área que você consegue ver resultados imediatamente. É preciso cultivar uma relativa lealdade às formulações para entender sua eficácia. E moléculas como retinol, ácido hialurônico, vitamina C, LHA e ácido glicólico são pilares de eficácia e segurança, largamente pesquisadas. É claro que as fórmulas ganham em inovação com a adição de ativos recém-descobertos, mas a base são ingredientes clássicos. E isso não significa que não há aprimoramento dessas moléculas. Agora temos, por exemplo, muito mais informação sobre biodisponibilidade. E, por isso, é preciso retomar o tempo todo quais são as combinações mais eficientes ou o quanto elas são seguras e estáveis. A inovação está na forma como os ativos são manipulados e também na textura que alcançamos com ingredientes já conhecidos. Filtro solar é um exemplo dessa conversa: sabemos o tanto que ele é importante para prevenir câncer de pele e o aparecimento de manchas e sinais há anos. Mas hoje conseguimos criar fórmulas muito eficientes e agradáveis ao toque  — algo bem diferente de 20 anos atrás.

E qual é a inovação do ácido hialurônico presente nesse lançamento de Revitalift?
Essa não é uma molécula nova, mas a forma como vem sendo fragmentada é que torna as fórmulas mais tecnológicas. A molécula de ácido hialurônico é grande. Falando grosseiramente, é como se colocássemos uma grande esponja no seu rosto: ela retém água, é refrescante, mas não tem ação profunda sobre as rugas. Sabemos que essa substância é produzida naturalmente pelas nossas células, que esse volume cai com o passar dos anos, e queríamos entender como disparar o gatilho pro corpo, avisando que seus mecanismos devem produzir ácido hialurônico constantemente. Por isso começamos a examinar seus fragmentos — nem todos eles têm o mesmo poder. Sabemos que se você usar partículas muito pequenas também não faz diferença e o efeito pode até não ser bom para a pele. O segredo foi encontrar a forma precisa, capaz de atuar mais do que apenas superficialmente, se conectando com receptores para estimular a síntese natural de ácido hialurônico, sem os efeitos colaterais. A combinação de diferentes pesos moleculares é que causa o efeito de frescor, hidratação e preenchimento instantâneo, e também os resultados prolongados e aprofundados — um trabalho complexo de pesquisa para aumentar a eficácia de algo já tradicional.

E quais pesquisas feitas hoje nos laboratórios da L’Oréal hoje podem aparecer nas linhas de skincare amanhã?
Estamos bastante atentos aos procedimentos estéticos, cada vez mais populares. Tiramos inspiração de seus resultados, mas também desejamos atuar de forma complementar, fazendo com que durem mais, criando sinergia com a rotina de skincare. Microbioma também é algo relevante. Vimos o aparecimento de tratamentos para obesidade e até depressão baseados no mapeamento da colônia de bactérias que temos no intestino e o mesmo está acontecendo com a pele. Começamos estudando peles sensíveis, rosácea, mas um um longo caminho ainda deve percorrido, entendendo como os microrganismos tornam pessoas mais ou menos receptivas à determinadas formulações. Outro ponto forte de pesquisa são antioxidantes por causa dos efeitos nocivos da poluição sobre a pele. Fomos pioneiros a estudar o assunto há dez anos, na China, e nos dedicamos a entender como cosméticos podem criar barreiras de prevenção. Esse é inclusive, outro tema, há 20 anos apenas algumas marcas falavam sobre prevenção em vez de correção. A gente já sabe o tanto que prevenir tem impacto a longo prazo, né?

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