A rota do chá em Nova York
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A rota do chá em Nova York

por Vânia Goy

Sou uma neo-amante de chás. Esse universo da bebida sempre me encantou demais, mas a verdade é que demorei a me apaixonar. Quando tive contato com as primeiras casas especializadas no assunto fiquei encantada com a construção dos blends (mix de chá com outras ervas e frutas) que me lembravam a arte de misturar notas da perfumaria.

Comprei alguns, mas consumia eventualmente.  Até que um dia pedi um chá verde num hotel, em Paris. Não podia tomar as outras bebidas com leite e não tomo café. O chá verde era meio que a única opção e foi ali que a minha cabeça explodiu.

Chá verde carregava pra mim o gosto dos ban-chás que tomava em restaurante japoneses. Ou tinha cara de bebida saudável, dessas que as pessoas tomam o dia todo, tipo infusão de hibisco. Escuro, meio amargo.  Mas daí tudo mudou nesse dia. E senti o cheiro herbal, o sabor adstringente, sedoso, delicado. Ele era verdinho, quase transparente. Pedi pro concierge do hotel descolar essa receita e me ensinar a preparar.

Comprei um bom chá e todas as ferramentas para controlar o resultado: termômetro, infusor, colher precisa. Daí entendi que eu gosto de chá puro, sem misturas complexas. Venho descobrindo os oolongs, os brancos, o matchá, o geinmaicha. Todos variações da mesma planta, a camellia sinensis, com oxidações diferentes, às vezes com adição de um ingrediente como flocos de arroz torrados, que dão um gosto meio defumado.

Amigos entendidos do assunto (alô @realmrtea) me recomendaram um dos endereços que visitei nesta última viagem: o Bellocq Tea Atelier. Ele fica numa portinha fechada em Greenpoint, no Brooklin, e é lindo demais. Quando você começa a botar reparo enxerga suas latas amarelas abastecendo vários restaurantes legais da cidade. As duas salas são escuras, pequeninas, aconchegantes e silenciosas. Tem cheiro de incenso japonês e uma variedade de chás (e blends também) garimpada no mundo todo. Vá com calma para sentir os aromas, entender as histórias, fazer perguntas, provar algumas delícias, aproveitar o clima relaxante.

Outro programa é visitar a Ippodo, marca de chás japoneses que existe há 300 anos. Dizem os especialistas que eles fazem um dos melhores matchás do mundo. Eles têm apenas duas lojas no Japão e a única fora do país fica em Nova York, no segundo andar do restaurante Kajitsu, um japonês que serve um menu degustação de culinária shôjin, vegetariana e nascida entre monges zen-budistas (!).

Nesta viagem também fui parar na casa de chá Cha-an Tea House, simples, serve bentos gostosos de almoço e um menu de sobremesas elaboradas e lanchinhos à tarde. Eles têm tem uma carta de chás gostosa para quem quer experimentar sabores antes de pensar em fazer compras.

Por último, nada cerimonial, bem americano e express: o matcha latte com leite vegetal de semente de maconha (você vai continuar sã, não se preocupe), do Matchaful, que estava sempre no meu caminho e é uma delícia. Eles são super preocupados com origem do chá, certificado, orgânico, vindo de pequenos produtores no Japão. Para pegar e levar!

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