Belezinha
Lena Korres, fundadora da marca grega, sobre sol, praia e o futuro dos tratamentos para a pele
por Vânia Goy
Lena Korres é engenheira química, nasceu na deslumbrante Atenas e foi a primeira funcionária da Korres que a gente conhece hoje, quando George, seu marido, resolveu transformar a farmácia homeopática que comandava na cidade em uma linha de cosméticos com ativos naturais, sem o uso ingredientes agressivos para o corpo. Ela participou da fundação da marca e continua desenvolvendo as fórmulas que estão espalhadas pelo mundo.
Nos encontramos aqui em São Paulo para discutir beleza natural numa conversa pública. No palco, ela falou com transparência sobre o comprometimento da Korres em usar a maior quantidade de ingrediente orgânicos e naturais possíveis, o cuidado de fomentar a economia grega financiando pequenos produtores, do quanto pensa nas embalagens, para que a lista dos ingredientes fique o mais clara possível para leigos, e sobre o compromisso de manter fórmulas simples, livres de ingredientes questionáveis para a saúde e meio-ambiente, como silicones e parabenos.
Bela, expressiva, solar e bronzeada, ela ainda me contou um pouco dos seus produtos, tradições e destinos favoritos na Grécia.
Me fale sobre a sua rotina de cuidados com a pele: você tem uma pele linda, lisa e reluzente!
Ter uma rotina de skincare é um problema para mim porque estou sempre testando novidades, mas não abro mão de ter alguns produtos por perto. Sou obcecada pelo sérum firmador Black Pine. Acho maravilhoso não só porque funciona para mim, mas também porque acompanhei todos os testes clínicos e não quero sair de casa um só dia sem ele.
Também amo o óleo facial de Wild Rose [não disponível no Brasil]. Em geral, as pessoas tendem a rejeitar fórmulas assim, mas ele é divino e não deixa a sensação de oleosidade. Acalma a pele, tem uma fórmula simples que misturo com tudo, inclusive bases mais espessas.
Filtro solar é imperativo, uso toneladas do Uvas Mediterrâneas todos os dias. A versão colorida funciona como uma base e tem acabamento luminoso, que deixa a pele do rosto com aspecto saudável.
Amo o hidratante feito com iogurte grego, um dos nossos clássicos. Quando eu era criança, a minha avó costumava dizer que espalhar iogurte fresco na pele queimada de sol ajudava a melhorar a sensação ardida. Por isso temos, inclusive, o pós-sol, gelado, melhor companheiros dos dias de verão na praia.
Você acha que nós, brasileiras, temos um estilo parecido com o das gregas?
Temos tanta coisa em comum com o Brasil: o clima mediterrâneo, quente e úmido, uma vontade dessa beleza natural e sem esforço, o amor pelo sol. Na Europa, as mulheres são fãs de skincare. O cuidado com o rosto vem muito antes da maquiagem, que é sempre um detalhe. Nos E.U.A, ao contrário, as mulheres amam maquiagem. Acho que as brasileiras estão no meio do caminho, aprendendo que a maquiagem só importa para complementar uma pele saudável e bem tratada.
Você tem um bronzeado lindo. Como é a sua relação com o sol?
Sou grega. Amo o sol, amo estar fora de casa. Amo despertar cedo para aproveitar a luz do dia. Nasci em Atenas e ainda visito as ilhas gregas todo verão. Este ano descobri uma nova, que eu não conhecia até então, e estou apaixonada. Ela é pequena, se chama Kimolo, e fica no mar Egeu, que tem aquela luz e tom de azul impressionantes. Tenho duas regras: usar toneladas de filtro solar e ir para a praia só depois das 15h!
Qual foi o primeiro produto que você criou?
Foi o creme facial de óleo de rosa mosqueta, lá em 1996. George tinha a farmácia de homeopatia mais antiga de Atenas. Ele trabalhava com um óleo a base de rosa mosqueta que tinha virado uma febre, todos queriam comprar porque notaram como a ação clareadora e reparadora era eficiente em cicatrizes e marcas de acne. Sou engenheira química e fui trabalhar na farmácia para criarmos cosméticos juntos. A partir deste ingrediente desenvolvi a linha facial Wild Rose, um dos nossos carros-chefe até hoje.
E o qual é o ativo de skincare do futuro? Que te desafia a criar novas fórmulas?
Não é um ativo, mas uma teoria científica que ouvi falar, pela primeira vez, há 10 ou 15 anos, mas só nos últimos dois está ganhando corpo e me deixando realmente impressionada pela inovação: sabemos que a pele é o nosso maior órgão e o que nos protege de tudo ao nosso redor. Hoje, estudamos a fundo os microbiomas que habitam a superfície dela. Ou seja, qual a importância dos microorganismos e bactérias que mantém esse ambiente equilibrado. Isso muda demais a forma como pensamos em fórmulas. Ainda não somos capazes de explicar a rosácea ou o eczema, por exemplo, mas temos observado como essas condições de pele podem estar relacionadas ao equilibrio de microbiomas.