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Jenn Tardif, do 3rd Ritual, sobre a diferença de rotina e ritual
por Vânia Goy
Fui passar férias em Nova York com um compromisso de trabalho marcado: bater um papo com a canadense Jenn Tardif, instrutora de meditação, professora de yoga e fundadora do 3rd Ritual, um dos meus destinos favoritos no Instagram desde o seu lançamento.
Meu primeiro contato com seu projeto foi por meio de um de seus “mindful objects”, lançados há quase um ano para ajudar seus alunos nas práticas de atenção plena — que a gente também conhece por mindfulness. Mais do que coisas bonitas, eles são ferramentas poderosas e carregadas de pesquisa e história para incrementar esse processo de conexão da nossa mente com o presente. Jenn também é uma defensora dos rituais para nos ajudar a ter uma vida mais equilibrada e cheia de sentido. Em Nova York, promove workshops, encontros e celebrações baseadas no seu background hindu e taoísta.
A inspiração para a criação do BEL, essa vela especial, veio de uma prática de meditação famosa chamada Trataka. “Esse método é muito eficiente para quando apenas fechar os olhos e reduzir a velocidade de pensamentos parece algo impossível. Se concentrar na chama da vela é um jeito de “enganar” o nosso cérebro que estamos fazendo algo quando na verdade estamos tentando fazer nada”.
Jenn também é aromaterapeuta e incorporou óleos essenciais para que o aroma de sua vela ajudasse na concentração. Adicionou pequenos pins de metal, que marcam o tempo e caem quando a cera derrete, fazendo o barulho de sino quando caem no fundo de metal, ajudando a gente a voltar da prática. “Incorporar outros sentidos, além do visual, a momentos assim é algo que ajuda a tornar essas experiências que falam de presença ainda melhores”, me disse.
A gente falou do produto, mas também falou de mão na massa. Porque de nada adianta sair comprando uma novidade atrás da outra sem, de fato, assumir o compromisso de incorporar a prática no dia a dia. “Tenho como missão pensar nesses pequenos rituais para adicionar sentidos aos nossos dias e sempre digo que um dos componentes fundamentais para fazê-los funcionar é praticar, porque eles precisam ser repetidos. Nessa hora também gosto de pensar na diferença entre rotina e ritual. O que os diferencia é a intenção, a razão pela qual você está fazendo aquilo. O simbolismo e o processo são muito poderosos. “
Jenn trabalhava com tecnologia antes de abraçar a carreira de instrutora de meditação e professora de yoga. Quando perguntei de seus rituais diários favoritos ela me contou que movimenta o corpo por pelo menos 15 minutos e faz exercícios de respiração. Recentemente, passou a fazer uma lista com o que aconteceu de bom naquele dia antes de ir pra cama. “Acabei de ter um bebê e tenho tentado reverter a mentalidade que só nos faz focar nos desafios para focar no que me faz sentir grata por hoje. Coisas que são quase invisíveis, como ter saúde, poder escolher o que comer, relembrar instantes doces do dia, a possibilidade de ter conversado com uma amiga querida.”
Fiz uma de suas aulas de yoga antes dessa conversa, numa terça-feira úmida, que fazia – 10oC, e achei bonito como ela começou a prática falando para agradecermos a nós mesmas por termos disposição de ir até lá numa numa noite de clima tão difícil. “Comecei tentando apontar que primeiro precisamos reconhecer e agradecer pelas coisas boas para depois nos sentirmos agraciados e rodeados por abundância em nossas vidas.”