Por que a gente anda falando tanto de microbiota e probióticos quando o assunto é skincare?
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Por que a gente anda falando tanto de microbiota e probióticos quando o assunto é skincare?

por Danielle Sanches

Já imaginou que você carrega 10 trilhões de microorganismos e bactérias no seu corpo? Não é à toa que a gente tem ouvido falar tanto em microbiota, saúde do intestino, prebióticos e probióticos — o assunto é mesmo a bola da vez entre pesquisadores.

Essa história começou com pesquisas sobre a nossa flora intestinal. Você já deve ter ouvido falar que o órgão é o nosso segundo cérebro. E faz todo sentido, afinal, ele é superimportante para a nossa digestão e absorção de vitaminas e minerais essenciais . Com uma rede de neurotransmissores semelhantes à do cérebro, e responsável por regular o funcionamento do metabolismo, o intestino é mesmo considerado um segundo centro de controle do corpo.

Tudo isso é mantido por um delicado ecossistema de bactérias. No total, os cientistas estimam que temos 10 trilhões (sim, você leu certo: trilhões!) de microorganismos vivendo no intestino de todo ser humano. São cerca de 1000 tipos diferentes (105 novas espécies foram descobertas em 2019, na Austrália), representando três milhões de genes vivendo ali, dentro de cada um de nós. Ah, e os cientistas estimam que 2% do peso corporal de uma pessoa deve-se a essas bactérias!

Em pesquisas recentes, cientistas já conseguem relacionar o desenvolvimento de doenças como obesidade, diabetes e até depressão à ação das bactérias no intestino. As conclusões ainda não são definitivas, os dados ainda são muito recentes, mas o desejo de descobrir quão profunda é a interferência dessas bactérias em todos os aspectos da nossa saúde – incluindo nos cuidados com a pele — está claro.

Skincare e microbiota
Adolescentes, a gente cansou de ouvir que ter o intestino regulado era o segredo por trás de uma pele saudável. Faz todo sentido. De acordo com a dermatologista Juliana Piquet, do Rio de Janeiro, um dos assuntos mais comentados no último Congresso Mundial de Dermatologia, realizado em Milão, em junho de 2019, foi justamente a disbiose – nome dado ao desequilíbrio entre as bactérias que habitam o nosso corpo, e que podem provocar doenças como rosácea, acne e psoríase, além de agravar alguns tipos de dermatite.

Esse desequilíbrio pode ser provocado por uma alimentação pobre em nutrientes e rica em carboidratos refinados e alimentos processados, mas as equipes de pesquisa e desenvolvimento das marcas de skincare têm ido além. Diversas marcas de beleza agora investem pesado em pesquisas para desenvolver outras formas de garantir a biodiversidade desse ecossistema.

Estudando a microbiota da pele desde 2013, a Natura recentemente trouxe as descobertas para sua linha Chronos. “Cada pessoa tem uma microbiota que é sua assinatura única. Entender o impacto do uso de cosméticos nela pode nos ajudar a criar produtos mais eficazes. Além disso, podemos pensar em abordagens de tratamento mais completos pensando em como a pele responde aos estímulos externos”, explica Luciana Vasquez, gerente científica em microbiota da Natura.

Ela diz que, agora, o próximo passo é analisar as bactérias presentes no nosso couro cabeludo – e como os produtos podem equilibrá-las para dar mais saúde aos fios.

Prebióticos e probióticos
Equilibrar qualquer microbiota depende basicamente do alimento dado a esses microorganismos. Ou seja, o primeiro passo é manter uma dieta saudável e equilibrada para que as bactérias do bem proliferem.

“No meu consultório, mudamos a alimentação, colocando menos comidas industrializadas e mais verduras, legumes e frutas, trocando proteína animal. Isso já contribui para que a flora intestinal seja mais saudável”, explica a psiquiatra Ana Paula Carvalho, médica especialista em Medicina do Estilo de Vida pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, baseada em São Paulo.

Um segundo passo é uso de prebióticos, que podem ser considerados os alimentos dessas bactérias e microorganismos. Eles são componentes alimentares que ajudam no crescimento de bactérias benéficas e inibem as bactérias que causam desequilíbrio. São geralmente carboidratos presentes em alimentos ricos em fibras, como legumes, trigo integral, aveia e frutas vermelhas. Também são encontrados na forma de suplementos e ativos de cremes e séruns.

Já os probióticos são microorganismos organismos vivos (como os lactobacilos) encontrados em alimentos fermentados, como iogurte, kefir e kombucha. Quando consumidos em quantidades adequadas, ajudam na saúde do corpo, prevenindo o aparecimento de bactérias causadoras de doenças.

Além da Natura, a brasileira Dermage é outra marca que vem utilizando a tecnologia dos prebióticos em cremes corporais para reduzir as bactérias que causam a dermatite atópica. “A Staphyloccocus aureus, por exemplo, vive na pele, mas pode causar a doença e ainda rosácea”, explica Giselle Canavaci, gerente de produto da Dermage. “Uma das estratégias de tratamento é justamente controlar a proliferação e estimular outras culturas com o uso de prebióticos.”

Em entrevista ao site Cosmetic Innovation, Maria Eliza Samy, responsável pelo Marketing Personal Care da Basf para a América do Sul (uma das maiores fornecedoras de matéria-prima para a indústria cosmética), disse que essa vontade de personalização e de cuidado com necessidades específicas têm mesmo feito a procura crescer no mercado de skincare: segundo ela, o crescimento de produtos explorando esse conceito cresceu 121% no último ano. A gente aqui mapeou as iniciativas mais legais à venda no mercado brasileiro. Dá uma olhada na galeria!


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