Relax
O cansaço pelo excesso de vídeos é real e tem nome: “zoom fatigue”
por Vânia Goy
Nesses mais de 100 dias de reclusão por causa da pandemia, muita gente experimentou, pela primeira vez, trabalhar remotamente. E os encontros em vídeo se estenderam para além de reuniões: viraram happy-hours com amigos, cursos digitais, aulas de meditação e academia à distância, conversa com a família e até com o terapeuta. A chamada “Zoom fatigue“, ou fadiga do Zoom, é a expressão que define o tanto que as nossas interações sociais automaticamente passaram a acontecer em conversas por vídeo e o tanto que estamos exaustos delas.
Professoras e psicólogas me mandaram mensagens contando que estão muito mais cansadas nas jornadas de trabalho em vídeo do que se sentiam nas presenciais. Os times que vivem em reunião também relatam que os níveis de stress aumentam com a quantidade de vídeo chamadas que poderiam ser e-mails ou ligações telefônicas. Uma seguidora relata que sente os chefes extra-vigilantes — e o vídeo ajuda a ter certeza que a equipe está toda lá, trabalhando. Mas por que o excesso de encontros em vídeo cansa tanto?
Segundo experts entrevistados pela Vox, a tecnologia sobrecarrega o nosso cérebro. As imagens embaçadas, os segundos de atraso entre o que a pessoa diz e a resposta que chega, os desencontros com áudios e falta de conexão olho no olho acabam deixando todo mundo meio perdido e mais cansado. A gente não se comunica só com as palavras. Segundo um artigo da National Geographic, nosso cérebro se concentra parcialmente nas palavras que estão sendo ditas, mas também procura significado nas sugestões não verbais: troca de olhares, proximidade do corpo, inspiração e exalação, como quando a gente sabe que alguém quer fazer uma interrupção sem, de fato, verbalizar o desejo. Nada disso, como dá pra imaginar, é possível de sacar perfeitamente numa conversa digital. Cansa buscar pistas não verbais e não conseguir encontrar.
Especialistas ouvidos pelos dois veículos e também pelo Goop deram três sugestões interessantes para reduzir o cansaço. A primeira é desabilitar o seu vídeo: ficar se vendo na tela tira a atenção do resto, faz a gente escapar para um ciclo de autocrítica. Outra sugestão é tirar a visualização “galeria”, que deixa a gente ver todo mundo ao mesmo tempo e amplia a exaustão porque nosso cérebro fica tentando decodificar várias pessoas ao mesmo tempo sem receber respostas significativas. Experimente acompanhar apenas o orador. E, por último, avalie se é o caso mesmo de fazer uma chamada em vídeo. Caminhar enquanto você fala no telefone, por exemplo, ajuda. “Fazer reuniões caminhando é uma técnica conhecida por melhorar a criatividade e provavelmente reduzir o estresse também”, disse Claude Normand, pesquisador da University of Québec Outaouais à National Geographic.