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“Chá é mesmo medicina e tem potência. Preparar uma xícara é ritual de amor próprio”, Estefânia Verreschi
por Vânia Goy
“Cresci de olho nas plantas. Nasci em Cunha, interior de São Paulo, na zona rural. Quando criança, me lembro de, regularmente, visitar uma senhora da vizinhança que me ensinava muito sobre elas. Depois de anos, que incluíram uma mudança para São Paulo, endereços na Europa e nos EUA, achei que andava longe demais de mim e voltei pra cá.
Sou alquimista, gosto da sabedoria das plantas nos banhos, óleos, escalda-pés e infusões. Na minha casa sempre teve muito chá. Minha avó preparava e meu pai dizia que era remédio e a gente tinha que beber prestando atenção. Chá é mesmo medicina e tem potência. Se dedicar a preparar uma xícara por dia é ritual de amor próprio. É se entender com o nosso corpo e com o tempo numa época que a gente não tem ideia de nada. Nesse ciclo de espera, o chá é um grande professor e as plantas grandes doadoras.
A mudança para uma vida mais perto da natureza me ajuda a entender esse meu lugar no mundo. Sinto que é mais fácil de enxergar o nosso tamanho e compreender que a gente é parte dela e de um ciclo. Estudo as plantas profundamente e sou muito guiada pela intuição. Pergunto pro meu corpo o que ele está precisando. A gente sabe. Outro dia fui visitar uma amiga num sítio aqui do lado e, na chegada, a primeira coisa que botei o olho foi na camomila. Pedi uma porção, tomei duas xícaras imensas dessa infusão até ficar tão relaxada que perdi a noção do tempo.
Acredito nessas vontades como avisos do inconsciente se manifestando numa comunicação emocional e intuitiva que leva a gente a se conhecer e se respeitar. Gosto de olhar a planta com esses olhos sutis. Tomar um chá fresco com a hortelã, rosa ou melissa que tenho por aqui é mágico porque é simples. Acho que essa conversa é treino. E acho que todo mundo tem que treinar fazer perguntas pra si mesmo para aprender a manifestar esse outro ritmo tão desejado.”
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Estefânia Verreschi é a alquimista íntima das plantas no comando da @ervariadasluas. Suas infusões e banhos herbais fazem parte do desejo de manifestar outro ritmo, nos estimular a ouvir o inconsciente de forma intuitiva para que a gente se conheça e respeite.
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