Escape colorido: a cor como antídoto
Futuro

Escape colorido: a cor como antídoto

por Vânia Goy

Nada de pretinho básico ou branco minimalista, frio demais. A gente precisa, mais do que nunca, de cores. No mundo caótico contemporâneo que vivemos, elas são refúgio e fonte de energia. Azul do céu, nuances alaranjadas de pôr-do-sol, verde-natureza. Com elas dá pra escapar, mergulhar em acolhimento, ganhar abraço à distância e subir um tom na escala de otimismo. Esse foi o caminho da Pantone para 2021, que escolheu duas cores, a mais marcante é um amarelo brilhante (que acompanha um cinza simbolizando estabilidade e firmeza). Segundo a empresa, o tom, que ganhou o nome de Illuminating, simboliza o espírito solar e toda a sua alegria e vitalidade.

Os tons pastel continuam nos ajudando a invocar sensações de leveza e conforto, mas andam menos infantis. A paleta atualizada tem mais nuances da natureza do que de sobremesas açucaradas: pétalas de flores, verdes ligeiramente ácidos, tons aquáticos de mares transparentes, sucos refrescantes, frutas cítricas. Tudo com cara de fim de tarde de verão, de férias sem preocupação. “Estamos vendo esse arco-íris delicado explodir em estampas tie-dye, que evocam um pouco desse espírito livre, imperfeito e vivaz da década de 1970 — escapismo total em tempos de medo e isolamento”, diz Iza Dezon, consultora estratégica e expert em tendências de moda, beleza e comportamento.

O estudo de cores da Suvinil também fala dessa dualidade para exemplificar o rosado Meia Luz, escolhido como a cor do ano pela marca brasileira de tintas. O último rosa antes da paleta virar lilás, meio quente, meio frio, tem aquela cara de crepúsculo, fica entre o dia e a noite. Os ro- sados conservam esse significado onírico, de sonho e fantasia. Pense nas expressões “mundo cor-de-rosa” ou “la vie en rose”, que traduzem essa sensação de “bom demais pra ser verdade”. Eva Heller, autora do livro “A Psicologia das Cores”, ainda fala de um detalhe curioso de pinturas da Idade Média que retratam paisagens ou cidades onde viviam santos. As casinhas pintadas de cor-de-rosa sempre carregavam uma mensagem: era ali que os milagres aconteciam.

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