Naomi Osaka: como a atleta botou ansiedade, depressão e o poder do não em pauta ao desistir de Roland Garros
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Naomi Osaka: como a atleta botou ansiedade, depressão e o poder do não em pauta ao desistir de Roland Garros

por Vânia Goy

Tô acompanhando bastante as notícias sobre a tenista japonesa Naomi Osaka, que é a segunda melhor do mundo e desistiu, na segunda-feira, de continuar disputando o torneio de Roland Garros, dentre os mais importantes da modalidade, em respeito à sua saúde mental. Resumo breve da história: dentre as obrigações dos competidores está fazer uma coletiva com a imprensa depois das partidas e ela disse que não queria cumprir tal agenda porque sente uma ansiedade extrema e não se considera uma pessoa que consegue falar em público naturalmente. Tal decisão virou multa e um embate com a organização do torneio até que, depois de ganhar o primeiro jogo, desistiu de participar.

Naomi é a atleta mais bem paga do mundo e tem contratos com marcas como Louis Vitton e Nike. Em seu post no Instagram, disse que lida com altos e baixos de depressão desde que venceu Serena Williams, em 2018. Contou que é muito tímida e vive de fones de ouvido nos bastidores das competições para lidar com a sua ansiedade social. “Já estava me sentindo vulnerável e ansiosa aqui em Paris e por isso pensei que seria melhor me cuidar e não ir às entrevistas coletivas. Comuniquei isso preventivamente porque sinto que algumas regras são antiquadas. Escrevi reservadamente ao torneio pedindo desculpas e dizendo que eu ficaria feliz de conversar com eles depois do campeonato, já que os Grand Slams são intensos. Vou me afastar um pouco das quadras agora, mas quando for a hora certa eu quero conversar com os executivos do circuito para tornar as coisas melhores para os jogadores, a imprensa e os fãs.”

Teve gente que não apoiou, que achou Naomi petulante ou dona de um comportamento digno de “diva”. Mas muita gente legal considera tal atitude um marco importante quando o assunto é saúde mental, bem-estar emocional e trabalho. Michael Phelps, nadador e maior medalhista olímpico de todos os tempos (que advoga pelo assunto, já disse que sofreu demais de depressão e até pensou em suícidio), achou poderoso Naomi expor a sua vulnerabilidade. Serena Williams, disse que gostaria de abraçá-la e entendia o que ela estava passando. “Para mim, parecia uma mulher que estava estabelecendo limites e dizendo ‘não vou me colocar numa situação que provavelmente vou experimentar um risco maior de danos à minha saúde mental”, disse Katherine Tamminen, professora de psicologia do esporte na Universidade de Toronto à TIME. “Ao adotar essa postura, Osaka oferece uma lição valiosa para qualquer pessoa que esteja sofrendo de ansiedade. “Para todos nós, é importante dar uma olhada nessas diferentes coisas que acontecem em nossas vidas e dizer, você sabe, aqui estão as coisas com as quais estou disposto a lidar, e é aqui que não estou”, diz Tamminen.

(A foto é da Vogue americana, publicada em 2019)

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