Bem-Estar
Bem-estar de beber: o boom das bebidas funcionais
por Danielle Sanches
foto: Heywell (Instagram)
A preocupação com a própria saúde e com a necessidade em busca de um estilo de vida mais equilibrado disparou após de pandemia — um relatório recente da Ipsos, por exemplo, mostra que 62% dos americanos dizem acreditar que a própria saúde é mais importante para eles hoje do que antes. Nessa esteira de mais consciência sobre o que faz bem ao próprio corpo e ao estilo de vida, a indústria alimentícia passou a buscar alternativas para se encaixar e ainda oferecer benefícios aos consumidores. Entre eles, as bebidas funcionais, que oferecem em sua composição nutrientes importantes para a saúde como vitaminas, minerais e fibras, com promessas que vão de ajudar o funcionamento do intestino a relaxar a mente e aumentar a energia.
Sim, é verdade que já existem opções desse tipo no mercado há algum tempo. No entanto, as bebidas de hoje têm uma maior quantidade de ingredientes naturais, menos açúcares e aditivos químicos — tudo o que buscamos para compor uma alimentação mais equilibrada.
Há ainda uma vertente que busca incorporar práticas ancestrais de cura e cuidado, como a ayurveda, em produtos modernos para cuidar da mente e do corpo. Marcas gringas como Kin Euphorics, co-fundada por Bella Hadid, e Heywell engarrafam ingredientes como extratos de plantas e fungos adaptógenos — conhecidos como estabilizadores do humor, como a L-teanina do chá verde, ashwagandha e cogumelos reishi, que podem elevar os níveis de serotonina, aliviar o estresse e ajudar a dormir. Lá em 2021, Ana Henriques, vice-presidente global e head da categoria de não-alcoólicos da ABInbev, já fala a pra gente sobre a preocupação com a imunidade, por exemplo. “Vemos essa abordagem mais preventiva ganhando bastante força à medida em que o consumidor investe em qualidade de vida e longevidade”, afirmou durante um encontro que discutiu tendências do mercado de bem-estar para a categoria de não alcoólicos. No mercado de bebidas, soluções estão surgindo à medida que ingredientes adaptogênicos e nootrópicos se tornam populares nesta busca por nutrir o potencial do cérebro. E ingredientes como ervas, cogumelos e sementes desempenham um papel relevante nesta pesquisa.
Vitaminas também ganham destaque
Outra tendência forte do mercado de produtos funcionais são as vitaminas e suplementos. De acordo com a Abiad (Associação Brasileira da Indústria de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres), esse mercado deve registrar um aumento de 12% só em 2022. E esqueça os comprimidos: a tendência é a gente ver, cada vez mais, refrigerantes, balas, shots e pós super vitaminados e vendidos bem longe das prateleiras das farmácias tradicionais. Um dos produtos carro-chefe são as vitaminas em formato de goma, as famosas “gummies” – muitas já feitas sem açúcar e com corantes naturais, mais uma vez seguindo a tendência de buscar alternativas menos artificiais em suas composições.
A ideia das “gummies” não é novidade: de acordo com a nutricionista Angélica Grecco, coordenadora da nutrição do Hospital Santa Helena e nutricionista do Instituto EndoVitta, elas já existem há anos e foram formuladas para ajudar quem não consegue tomar comprimidos tradicionais, mas precisa da suplementação, como crianças e idosos. Recentemente, essa fórmula foi revisitada para criar novos produtos alinhados a essa busca por mais saúde no pós-pandemia. Daí surgiram não apenas vitaminas como suplementos que melhoram a concentração e até o sono, como a melatonina, recentemente liberada no Brasil.
Consumo consciente
Tanto “gummies” como as bebidas funcionais são bastante saborosas e têm diversos benefícios. Mas vale lembrar que elas devem ser consumidas com moderação, já que nada é bom quando ingerido em excesso. “E, como são saborosos, às vezes é fácil exagerar e consumir mais do que se deve de uma só vez”, alerta a nutricionista, que ainda lembra que, em excesso as vitaminas que ingerimos não são armazenadas. “O corpo vai eliminar pela urina”, afirma.
Tem mais: por mais que esses produtos tenham benefícios, vitaminas, fibras e minerais vindos de alimentos in natura são melhor aproveitados por serem mais biodisponíveis – ou seja, absorvidos com mais facilidade – do que os adicionados em sucos e suplementos. O ideal, portanto, é manter uma alimentação equilibrada todos os dias, com fruta, verduras e legumes naturais, e não depender unicamente desses produtos para obter esses nutrientes.