Bem-Estar
Hormese: como pequenas e controladas doses de estresse podem ajudar o corpo
por Redação Belezinha
Ilustração: Victoria Andreoli
Das principais recomendações médicas da atualidade para se manter saudável, o manejamento de estresse. E é fato que não faltam dados que relacionam o excesso de estresse com problemas sérios de saúde. No entanto, embora possa soar contraditório à primeira vista, alguns estudos revelam que (em determinadas situações), o estresse pode ser surpreendentemente benéfico, até mesmo em nível celular.
Chamado de hormese, esse processo, que, segundo as tendências, promete ser um tema recorrente quando se trata de bem-estar, tem a ver com expor o corpo a pequenas explosões de estresse para torná-lo mais forte, resistente e até longevo. Na prática e de forma básica, pense nos benefícios de experiências como jejum intermitente, idas à sauna, banho de cachoeira, mergulhos em águas geladíssimas ou até mesmo um treino intenso. Todos esses são exemplos de estressores horméticos, cada um com a mesma intenção de gerar uma resposta fisiológica rapidamente adaptativa ao estresse momentâneo.
Segundo uma publicação do Mind, Body and Green, a diferença entre o estresse hormético e o estresse indutor de ansiedade é que as condições da hormese são controladas: você pode escolher quantos minutos passar em um banho frio ou dentro da sauna, por exemplo. Em geral, esses estressores breves e moderados ajudam o corpo a sair da homeostase e entrar na hormese, sinalizando respostas saudáveis ao estresse que ajudam a reparar os danos celulares, eliminar toxinas, reduzir a inflamação, aumentar a imunidade e até a longevidade.
Não à toa, cada vez mais centros de bem-estar tem apresentado experiências com foco específico em diferentes tipos de terapia quente e fria, que vão além da sauna tradicional. Como é o caso de aulas de ioga e treinos guiados em salas com temperaturas elevadas, tipo a Hot Yoga, ou das chamadas cryo saunas, que são câmaras resfriadas (onde a temperatura despenca até 190° graus) nas quais entramos com botas ou pantufas de neve e ficamos com o pescoço para fora por três minutos. Aqui no Brasil dá para experimentar no Awake Health e no Toppics Spa, em São Paulo, por exemplo.
Para quem ficou curioso sobre o assunto, tem muito mais no episódio Choque Térmico, do podcast Ciao, Bela:
Mas, é claro que, é sempre importante não exagerar na dose e tomar certos cuidados antes de se jogar em práticas muito intensas. Em entrevista ao Mind, Body and Green, Jenna Macciochi, Ph.D., autora do livro Immunity: The Science of Staying Well (Imunidade: a ciência de estar bem, em tradução livre) diz que algumas pessoas têm menor resistência ao estresse do que outras. “Quando seu copo de estresse já está transbordando, talvez não seja apropriado entrar em situações horméticas de estresse mais agudo. A hormese deve ser uma coisa que fazemos para nos preparar para o futuro contra situações estressantes e deve ser feita quando nos sentimos relaxados, não quando nosso copo já está superestressado”, diz. Segundo ela, vale também evitar as práticas na semana anterior à menstruação, quando os níveis de estrogênio sofrem uma queda acentuada e podem levar a uma maior sensibilidade ao cortisol.