Respira
Shinrin-yoku: os benefícios de um banho de floresta (literal!)
por Vânia Goy
foto: Alex Batista
Difícil encontrar alguém que não tenha sentido vontade de passar mais tempo perto da natureza nos últimos anos. Depois de passar quase três anos trancada em casa, eu que já andava com essa urgência muito presente, só senti a vontade de ter montanhas no horizonte e uma graminha pra deitar aumentar.
Eu adoro a expressão japonesa shinrin-yoku, ou “banho de floresta”, que nada mais é do que passar um tempo na natureza — de preferência com presença e sem celular. A prática é milenar, mas entrou como prescrição médica imposta pelo governo japonês em resposta a uma epidemia de estresse e ansiedade e, desde então, demonstrou que reduz a pressão arterial, taxa de pulso, diminuição dos níveis de cortisol e frequência cardíaca.
E essa necessidade de ficar perto do verde tem fundamento científico (como se precisasse, diante da sabedoria ancestral). Pesquisadores japoneses concluíram que fazer uma caminhada em meio à natureza melhora o sistema imune, cardiovascular e metabólico. Os participantes ainda mostraram decréscimo nos marcadores de depressão, fadiga, ansiedade e confusão. Não é sobre fazer exercícios ou correr. É só sobre estar na natureza, caminhar, descansar, contemplar e desfrutar.
No Indulgência como Resistência, estudo que apresentei ao lado da Iza Dezon, incluímos um belo exemplo de como uns dias perto da natureza podem deixar a saúde melhor: dois dos maiores hospitais noruegueses inauguraram, em 2019, cabines de madeira isoladas para aliviar as internações hospitalares prolongadas. “A natureza provê alegria espontânea e ajuda os pacientes a relaxar. Estar cercada de natureza os faz retornar ao hospital mais calmos. Nesse sentido, os retiros outdoor ajudam a motivá-los a passar pela fase de tratamento de uma forma melhor”, disse a psicóloga infantil Maren Østvold Lindheim, do Hospital Universitário de Oslo.
Ainda tem muito mais no episódio Natureza como Remédio, do podcast Ciao, Bela:
Se você, como eu, não mora pertinho das montanhas nem consegue escapar no fim de semana, valorize todas as pequenas oportunidades de parar numa praça, tirar os sapatos, sentar na grama e olhar pro céu em vez do celular. Eu tô andando até com uma canga na bolsa para não perder nenhuma oportunidade. Minutos que parecem nada, mas mudam tudo!