Respira
Só mais cinco minutinhos: quando um tempo a mais na cama pode ser bom
por Redação Belezinha
Você é do time que levanta na hora ou sempre fica aqueles cinco (ou mais) minutinhos enrolando na cama depois que o despertador toca? Entre vídeos de rotinas matinais e, contrariando os que defendem o levantar imediato para conseguir organizar melhor a rotina, um conceito diferente vem ganhando voz no entre os usuários do Tik Tok. De acordo com publicação recente do site do The New York Times, o termo “hurkle-durkling”, de origem escocesa que fala justamente sobre passar um tempo ocioso na cama, pode ser um lembrete de que não há nenhum problema em querer um tempinho a mais para si antes de começar o dia.
Porque é que é tão gostoso
De acordo com Eleanor McGlinchey, psicóloga do sono no Manhattan Therapy Collective e professora associada de psicologia na Universidade Fairleigh Dickinson, nos Estados Unidos, ficar na cama depois de acordar é apelativo porque desejamos um pouco de autonomia sobre nós mesmos. Tal como aquela história de ficar acordado até tarde — mexendo no celular (com parcimônia), vendo séries ou fazendo qualquer outra coisa, para compensar as horas do dia passadas no trabalho ou cuidando da casa — ficar na cama de manhã é como antecipar um tempo para si antes que as responsabilidades nos invadam. (E é claro que as pessoas que provavelmente mais precisam desse tempinho, são as que menos se podem dar ao luxo de se permitir).
Para quem pode, é importante, no entanto, estabelecer limites. Um tempo de qualidade para si, pode transformar-se facilmente em algo mais prejudicial, se não houver atenção, como uma hora inteira sem sentido ou até mais tempo nas redes sociais. “Para algumas pessoas, pegar no celular e checar o e-mail ou ver as notícias enquanto estão na cama torna-as mais estressadas”, disse a psicóloga. Por isso, planeje com antecedência a forma como quer passar os seus minutos livres na cama. “Eu digo às pessoas para fazerem o que quer que seja com propósito. Seja intencional com o tempo”, indica. Se responder a alguns e-mails urgentes antes de sair da cama te permite começar o trabalho menos atordoado e a sentir-se mais relaxado, por exemplo, é um resultado positivo.
De acordo com a especialista, é importante ter uma intenção sobre como o dia começa, especialmente para as pessoas que, assim que se levantam da cama, já vão correr com os afazeres do dia. Ou seja, é válido se dar um tempinho, sempre que possível, para as suas necessidades e desejos. E, para quem sofre com insônia, vale tentar ir para a cama mais cedo, mesmo que ainda sem sono, numa tentativa de descansar. Seja no começo do dia, vale escrever um diário, se alongar, ouvir música, por exemplo.
Já para Alcibiades J. Rodriguez, neurologista e diretor médico do Centro do Sono Langone Health, da Universidade de Nova York, nos Estados Unidos. O ideal é não exagerar no tempo e nesse tipo de atividade sobre a cama, para que o corpo não deixe de codificar o espaço como um lugar para dormir e relaxar, propício para o desligamento do corpo.
O tempo ideal
A verdade é que não existe um tempo definido como o ideal, mas, em geral, de 15 a 30 minutos diários são suficientes.“Se para você, acordar e passar esses minutos a mais na cama faz bem para começar o dia, não há razão de parar. Mas acho que 30 minutos é um bom limite”, diz Marjorie Soltis, especialista em medicina do sono e professora assistente de neurologia na Escola de Medicina da Universidade de Duke, nos Estados Unidos. “Ficar na cama descansando não substitui horas de sono, mas é importante saber ouvir o corpo. Se você se sente melhor depois de descansar um pouco, é válido”, continua. As pessoas que podem ficar na cama sem pressão do trabalho ou da família, ou que precisam de tempo extra por razões de saúde, devem fazê-lo sem vergonha, dizem os especialistas.
O conselho também vale para aqueles dias em que, após uma semana cansativa, temos vontade de passar o dia na cama. Se feito com moderação, e como forma de restauração, é bom que seja feito sem culpa. “Se quiser ficar na cama durante o dia porque está sentindo muito cansaço, faça-o e não se sinta mal por isso”, indica McGlinchey. No entanto, se a prática for excessiva e tiver indícios de depressão, desânimo e ansiedade, começando a prejudicar a rotina e a vida funcional, vale parar e buscar ajuda.