Qual é a primeira coisa que vem à sua mente quando pensa em cansaço? Para muitos, se sentir cansado tem a ver com trabalho físico intenso e suor. Para outros, é a imagem de sentar no sofá após um dia estressante no trabalho. E é essa sensação de fadiga mental — que, até então, a gente só sabia existir subjetivamente — que acaba de ser comprovada cientificamente. Segundo um estudo recente publicado pela revista Current Biology, estudiosos franceses confirmaram que pensar demais gera mudanças significativas no metabolismo do cérebro e pode se caracterizar como dificuldade de manter o foco e cumprir tarefas, e não exatamente uma sensação de sono.

Para o estudo, os pesquisadores utilizaram a espectroscopia de ressonância magnética para monitorar a química cerebral de 40 pessoas ao longo de um dia de trabalho. Divididas em dois times, de 24 e 16 participantes cada, o primeiro grupo foi exposto a uma rotina mais intensa durante seis horas e com apenas dois intervalos de dez minutos, enquanto o outro realizou uma tarefa mais simples, pelo mesmo período. A conclusão foi que quem trabalhou mais apresentou um aumento nos níveis de glutamato — neurotransmissor estimulante que controla a força dos sinais cerebrais e regula a distribuição deles para os neurônios, mas que em excesso pode perturbar a função cerebral — no cérebro.

De acordo com Mathias Pessiglione, coordenador da pesquisa na Universidade Pitié-Salpêtrière, em Paris, até hoje teorias influentes sugeriam que a fadiga mental era uma espécie de ilusão criada pelo cérebro para que a gente deixasse de fazer uma atividade cansativa afim de ir se dedicar a algo mais prazeroso. “Porém, nossas descobertas mostram que o trabalho cognitivo exaustivo resulta numa verdadeira alteração fisiológica, como um sinal para pararmos de trabalhar sim, mas com o objetivo de proteger a integridade o funcionamento do cérebro”, disse.  

E o que fazer? Os cientistas afirmam que, quando se chega a esse nível de cansaço, é importante não insistir e parar para descansar e dormir. Quer saber mais sobre saúde mental, descanso e a necessidade de desacelerar, no episódio abaixo do podcast Ciao, Bela tem!