Perimenopausa: o que é e quais são os sinais dessa fase de transição
Saúde

Perimenopausa: o que é e quais são os sinais dessa fase de transição

por Danielle Sanches

foto: Alex Batista

Por muitos anos, menopausa foi assunto considerado tabu. As mulheres, principalmente, não eram estimuladas a entender o que essa fase significava para seus corpos e, com isso, acabavam passando sozinhas por todas as mudanças físicas e emocionais que essa fase proporciona. Aos poucos, no entanto, as coisas estão mudando (ainda bem!). Afinal, com o aumento da expectativa de vida no mundo todo, os médicos estimam que homens e mulheres vão passar pelo menos duas décadas na velhice. Só no Brasil, dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) indicam que a expectativa da vida da brasileira está chegando a 80,1 anos.

Ou seja, há também uma chance de ressignificação do envelhecimento, da menopausa e da continuação feliz da vida após certo ponto. É justamente nesse cenário que entramos em outro assunto: a perimenopausa, fase de transição hormonal que antecede a última menstruação e que ocorre quando o corpo com útero e ovários começa a produzir menos hormônios femininos. E, ao contrário da menopausa, que costuma acontecer por volta dos 45 anos, esse processo pode se iniciar já aos 35 anos de idade. “Muitas mulheres acreditam que a menopausa acontece abruptamente por volta dos 50 anos, mas esse déficit hormonal já começa bem antes”, afirma Patrícia Bretz, ginecologista da Feel&Lilit, femtech voltada para a saúde e o bem-estar sexual da mulher.

Os principais sinais
A perimenopausa não causa os desconfortos intensos provocados pela menopausa. No entanto, ela pode, sim, provocar sintomas incômodos que têm impacto na vida das mulheres, como alterações de sono e humor, ansiedade, tendência à depressão e o chamado “brain fog”— uma espécie de confusão mental que pode ser traduzida como uma névoa recobrindo as informações do cérebro.

Outro aspecto importante é a parte física. Os hormônios femininos são conhecidos por proteger o corpo de problemas cardiovasculares e da perda de cálcio, além de garantir unhas, pele e cabelo saudáveis. Uma vez que eles diminuem de quantidade, o organismo passa a sofrer com a perda de massa muscular e de densidade óssea, além de alterações na pele e no cabelo.

Pensando nisso, diversas marcas de beleza, saúde e bem-estar têm investido em produtos para as necessidades desse público – um mercado que, de acordo com a consultoria Grand View Research, deve crescer 5,29% ao ano até 2030 e foi avaliado em US$ 15,4 bilhões. Entre os exemplos, a Stripes, criada pela atriz Naomi Watts em parceria com a empresa de biotecnologia Amyris, que, lá fora, traz itens para rosto, corpo, cabelo, assim como suplementos e produtos focados em bem-estar sexual. Por aqui, a Vichy colocou nas prateleiras, no ano passado, a linha facial Neovadiol Menopausa, criada com base em vinte anos de estudos. Além de devolver a hidratação, os itens ajudam na densidade da pele e têm ingredientes como extrato de cássia, ácido hialurônico e ômega-3-6-9.

Outra novidade no mercado brasileiro é a Plenapausa, uma femtech focada em apoiar mulheres na menopausa. A ideia da plataforma é orientar a pessoa que está passando por essa fase – incluindo aí a transição para ela — entendendo os sintomas e sugerindo o uso de alguns suplementos para aliviar sintomas e trazer mais vitalidade.

E a vida sexual?
Em 2022, um estudo conduzido por pesquisadores do Cedar-Sinai Medical Center, nos Estados Unidos, concluiu que os médicos podem e devem prescrever o uso regular de vibradores para suas pacientes como forma de melhorar a saúde íntima e sexual. O resultado, claro, causou furor ao redor do mundo ao relacionar a sexualidade com saúde e bem-estar. Mas é justamente o receio de perder alguma coisa desse combo que faz com que muitas mulheres se preocupem ao entrar na perimenopausa – já que a queda na libido é um sintoma que também costuma aparecer.

“Sabemos que a vagina fica mais seca com as alterações hormonais e isso tem impactos na saúde também, pois aumentam as infecções no local”, explica Bretz. “Por isso, é importante manter a vagina lubrificada com gel hormonal que também ajuda a não ocorrer uma atrofia na região íntima”, afirma.

A lubrificação, claro, também é fundamental para evitar dores no sexo. Ao Belezinha, Patrícia Valentini Melo, ginecologista, obstetra e mastologista em São Paulo, explica que os lubrificantes têm uma ação imediata e servem para serem usados logo antes ou durante a relação sexual ou masturbação. “A ação deles é tão rápida que, muitas vezes, o produto precisa ser reaplicado, seja na entrada da vagina, no pênis, nos dedos, nos sex toys, enfim, no que a pessoa for utilizar”. diz

Embora pareça ser algo trabalhoso, descobrir formas de atender às novas necessidades desse corpo em transformação pode ser uma grande oportunidade de autoconhecimento. “O importante nessa fase é estar aberta a se conhecer e redescobrir como ter prazer com você mesma e com sua parceria”, acredita Marcia Cunha, CEO da Plenapausa.

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