Futuro
B-Beauty: a expansão de marcas de beleza brasileiras no mercado internacional
por Manuela Aquino
Depois de K-Beauty, J-Beauty, chegou a vez da rotina e marcas de beleza genuinamente brasileiras ganharem destaque no mercado internacional. Apontada como B-Beauty (Brazilian Beauty) por uma matéria especial do Business of Fashion, a lista de menções às marcas brasileiras vai além de nomes tradicionais como Natura e O Boticário e reúne uma nova geração têm demonstrado potencial de acontecer lá fora, como Simple Organic, Bruna Tavares, Sallve, Care Natural Beauty e Hela Beauty, por exemplo.
Para explicar o tamanho do nosso mercado, o quarto do mundo, a BOF usa dados do Euromonitor: produtos de beleza e cuidados pessoais cresceram 4,7% entre 2019 e 2020, e tem crescimento estimado em 6,2% até o próximo ano. Já o segmento de cuidados com a pele no Brasil cresceu 13,6% em 2020. Nossa Vânia Goy foi uma das fontes ajudou a construir o cenário atual, incluindo o tanto que o isolamento transformou os rituais de skincare em autocuidado. “A maquiagem é uma gratificação instantânea; você passa batom ou sombra nos olhos e instantaneamente se sente linda. Mas cuidar da pele é um compromisso de longo prazo ”, disse à reportagem.
“Temos uma bossa em nossos produtos, principalmente em cuidados com a pele”, disse Helena Bordon, empresária de moda e cofundadora da Hela Beauty para a BOF. E bossa no caso da marca dela quer dizer saber usar de nossa riqueza de produtos naturais para as formulações — ingredientes da nossa floresta tropical tais como murumuru, açaí e ucuuba são citados como na matéria. A descoberta de que eles seriam incríveis em cosméticos tanto em termos de efeitos como em vendas foi da Natura, pioneira no uso e em ações de sustentabilidade na indústria cosmética brasileira. A Simple Organic, por exemplo, já foi criada dentro de uma tendência mais recente que reúne muito do que suas precursoras mais naturais fazem – a clean beauty. “O mercado de beleza limpa era tão novo que sentimos que havia muito espaço para inovação”, disse Patrícia Lima, co-fundadora. A marca, lançada em 2017, que recentemente foi comprada pela Hypera Farma, cresce 300% ano a ano.
Mercado global, aqui vamos nós
Um dos pontos da matéria é que as marcas brasileiras têm muito a oferecer, e chances de crescer, no mercado internacional. Vários fatores são citados como “intangíveis” e que dariam uma força: “graças ao clima tropical do país e à animada cultura praiana, entre outras coisas, os brasileiros são conhecidos internacionalmente por dar especial importância à beleza, à higiene e à aparência de seus corpos. Não é por acaso que o lifting de bumbum, os tratamentos com queratina para os cabelos e as ceras marcadas como “brasileiras” se tornaram populares em todo o mundo”. Então, esse conjunto de coisas que no imaginário gringo definem as brasileiras e nossa relação com a estética, fazem com que sejamos visto como experts no assunto de maneira natural. Além disso, segundo a análise, especialistas da indústria da beleza enxergam oportunidades para essas marcas exportarem para mercados internacionais na África, Oriente Médio e Índia.
Atualmente o setor de beleza e higiene exporta para 174 países. Marcas grandes já fazem a um tempo esse caminho: Natura, O Boticário e Granado são exemplos bem-sucedidos. Mesmo que não se tornem o próximo grande sucesso na Europa ou nos EUA, as marcas B-Beauty, segundo BOF, podem “ser usadas de forma eficaz para diversificar o mix de mercadorias varejistas europeus e americanos ou como uma forma de se diferenciar dos concorrentes”. Bruna Tavares, uma das personagens da reportagem, está pronta para este passo – bem estruturada aqui com mais de três mil pontos de vendas oferecendo seus produtos e a parceria com a Farmaervas na fabricação e Sephora nas vendas, ela começaria no ano que vem na Europa, Estados Unidos e México diante de um acordo com a Sephora brasileira para lançar e vender. Tudo isso, com o compromisso de que a identidade de seus produtos seja mantida. Sim, caso contrário não estaríamos falando de B-Beauty…
Top 5
1. Amyris e Naomi Watts lançarão marca focada em mulheres na menopausaA empresa de biotecnologia, dona da Biossance, anunciou a criação de mais um negócio: a Stripes, uma marca voltada aos cuidados da mulher que está na menopausa. O projeto é uma parceria entre o grupo e a atriz Naomi Watts, co-fundadora, e deve chegar ao mercado em 2022. Apesar dos produtos ainda serem segredo, Naomi deu algumas umas pistas sobre o que podemos esperar. “A vergonha e a falta de comunicação em torno da menopausa me fizeram sentir sozinha, confusa e oprimida. A crença de que a menopausa significa que o tempo de uma mulher acabou é ridícula e não deveria existir”, disse Watts. “Queremos ‘equipar ‘ as mulheres em todas as fases da menopausa com produtos, ferramentas e recursos que nos fazem sentir celebradas e fortalecidas, tanto física quanto emocionalmente. Ninguém deveria passar por isso sozinha”, continua. Por aqui temos observado uma movimentação cada vez maior das marcas em relação a essas mulheres: já falamos, por exemplo, da espuma da NVAA, que promete hidratar a vagina — que tende a ficar mais ressecada nesta época de transição da mulher. Segundo o site Cosmetics Design, a Avon também trabalha na criação de uma linha para quem está passando pela menopausa desde 2019 e ainda cita marcas-recém criadas para este público: Pause Well-Aging, Caire Beauty e Womaness.
2. Novo levantamento mostra crescimento de ferramentas de beleza
De acordo com um relatório da Market Research Future (MRFR) chamado “Beauty Tools Market” que analisou tipos, canais de distribuição e regiões, este mercado está previsto para ultrapassar os 97.882,1 milhões de dólares até 2025. Ainda de acordo com a análise, o crescimento está focando principalmente na venda para o público jovem de gadgets eletrônicos para rosto, cabelo, cuidados com as unhas e depilação. Ainda foi feito um ranking com as principais marcas do setor e citamos nossas conhecidas por aqui: em primeiro lugar Estée Lauder, em segundo P&G (EUA), em quinto Avon, em nono L’Oréal e em décimo Shiseido.
3. Givaudan investe em incubadora chinesa
A empresa global de fragrâncias e aromas investiu na Next Beauty China, uma incubadora para marcas emergentes de fragrâncias e beleza com foco na expansão no país. Com sede em Xangai, a empresa foi fundada em 2018 e tem forte presença nas redes sociais — em menos de três anos, eles lançaram 15 marcas de beleza (e de sucesso!) no mercado chinês. “A Givaudan será capaz de apoiar a Next Beauty na realização de suas ambições por meio do amplo conjunto de recursos e na China, com Next Beauty, teremos trazendo um profundo conhecimento da beleza chinesa mercado e informações valiosas sobre as principais tendências”, disse a empresa em seu comunicado oficial sobre a parceria. O mercado chinês está na mira das marcas internacionais por conta de seu tamanho, claro, assim como a recente liberação para importações, agora mais aberta. E a Ásia é a aposta para o maior crescimento na venda de perfumaria nos próximos anos.
4. Grupo Boticário lança movimento por mais transparência
O Grupo anunciou esta semana o nascimento da “Beleza Transparente” que reúne conteúdos sobre o universo de toda cadeia de produção do mercado de beleza. Segundo comunicado, “ao compartilhar conhecimento, a empresa quer estimular o consumo consciente e convidar os consumidores a refletirem sobre inovação em prol de uma cadeia produtiva mais sustentável”. A iniciativa faz parte das ações dentro do “Compromissos para o Futuro”, que foi anunciado em abril, e que tem planos para até 2030 ampliar o impacto positivo do Grupo O Boticário para a sociedade. E a novidade também se encaixa na tendência do mercado em que o consumidor se interessa não só pelo o que vem na formulação dos produtos, mas também em como a produção do mesmo impacta o ambiente, bem como as ações da empresa em inclusão. Segundo pesquisa da Mintel, 7 em cada 10 consumidores topam pagar mais por produtos mais transparentes. Novos tempos!
5. COI faz guia para que mulheres sejam tratadas com equidade nas transmissões olímpicas
O Comitê Olímpico Internacional juntou os responsáveis pelas transmissões do jogos olímpicos e anunciou um guia para que termos sexistas parem de aparecer em transmissões. A ideia é conscientizar sobre o quão prejudicial são alguns termos e como desmerecem o trabalho árduo das atletas. Segundo matéria da Folha de São Paulo, o documento indica que as pessoas responsáveis pelas transmissões não se concentrem na vestimenta, na aparência e em partes íntimas do corpo. Ainda cita que dados da Unesco do ano de 2018 são usados para mostrar que há muito o que caminhar: somente 4% do que é veiculado diz respeito às disputas das mulheres e ainda há poucas de nós nos bastidores — 24%. Essa discussão sobre os uniformes das mulheres e a diferença entre as vestidas dos homens em esportes iguais ganhou força recentemente quando as atletas do handebol norueguês se negaram a usar biquíni e foram multadas por isso.
E mais:
. A La Roche-Posay junto com mais cem empresas e instituições lançam a campanha #AmorATodaProva para incentivar o diagnóstico precoce do câncer de mama. O objetivo é reverberar a tag em publicações em que as pessoas marquem as mulheres da sua vida, mães, amigas, tias…
. Harrods inaugurou esta semana seu salão de beleza recém-reformado em Knightsbridge, Londres. O objeto é que o espaço se torne referência e um destino mundial para os amantes de beleza.
. De acordo com o blog Pense Grande, de O Globo, a Foreo resolveu fortalecer seu comercio eletrônico e pretende crescer 20% neste ano. A beauty tech dos amados massageadores faciais teve aumento de 60% no faturamento com as vendas on-line por conta da pandemia.
. Scent From Above é o nome da fragrância da cantora country e atriz Dolly Parton. O floral frutado une notas de sândalo, musky, tangerina, pêra e baunilha.
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