Futuro
Belong Be, o marketplace brasileiro para marcas independentes e outras notícias
por Manuela Aquino
Com menos de um mês de vida, o marketplace Belong Be tem previsão de crescimento de 41% em setembro. A ideia de Simone Sancho, especialista em e-commerce com experiência no mercado de beleza investindo em startups e, depois, comandando o e-commerce da Sephora Brasil, criou uma estrutura para que marcas independentes possam vender e concorrer em um espaço de igual para igual. Na entrevista a seguir, ela divide um pouco sobre sua trajetória e visão de negócio:
Como começou no mundo da beleza?
Comecei minha vida no mercado de beleza em 2014, quando me chamaram para “tropicalizar” o conceito da Sephora e ajudar na consolidação da operação do programa de fidelidade. Depois de negar o convite três vezes, aceitei, com a ideia de entregar um projeto e depois sair. Construimos o case do Beauty Club totalmente adaptado ao Brasil, colocamos leilão de pontos, por exemplo, o que era inédito na Sephora mundo, e acabei ficando com CRM e Latam. Na sequência assumi toda parte digital, e-commerce inteiro. Depois, antes da pandemia assumi o digital do Grupo Uni.co, dona da Imaginarium, onde estou até hoje.
A criação da Belong.Be se deu no meio dessa sua carreira, no paralelo. Como foi a concepção da ideia até ser colocada em prática?
Eu não queria sair do mercado de beleza, então pensei em investir em empresas nativas digitais, que hoje chamamos de indie ou independentes. Investi na Lunnare e comecei a aportar no projeto da Belong Be. Quando eu estava na Sephora acabei conhecendo muitos empreendedores pequenos e independentes, ia muito para São Francisco e vi esse movimento acontecendo lá fora — quando entrei, as marcas independentes representavam 3%, quando saí 30%. Aqui no Brasil, o 4° maior mercado de beleza do mundo, 90% do negócio está nas mãos de grandes empresas, como Natura, Avon e O Boticário, por exemplo, e o mercado independente ainda não quebrou os paradigmas: o problema das marcas pequenas é criar e não ter como competir no varejo, ou seja, elas vão nascer, mas precisam de um espaço. Pensando nisso, desenhei o marketplace, lá em 2019. Depois, com a pandemia, eu que tinha uma agenda intensa de viagens, parei, e pude, em casa, me dedicar mais ao projeto, que entrou no ar em agosto deste ano.
Você tem sócias como a Bruna Tavares. Como foi a escolha delas para o projeto?
Em dezembro do ano passado, conversei com a Bruna — com quem já tinha tido contato na Sephora e acabei fazendo amizade — e chamei para um papo junto com a Amanda Coelho, a Cintia Ferreira e a Daniele da Mata. Eu precisava ali de quatro habilidades diferentes: uma mente muito criativa, que é a Bruna; alguém que estivesse no horário das marcas novas como a Amanda, que tem uma fábrica em Belo Horizonte para atender as marcas independentes; uma sócia que trouxesse a cada minuto para a nossa conversa a questão da diversidade e essa foi a da Mata; e a Cínthia, PR, que consegue falar com pessoas de diferentes áreas da mesma maneira. Juntas, elas investiram 3,5 milhões de reais.
A logística, para marcas independentes, é um desafio. Como funciona a Belong, eles são os responsáveis pela entrega?
Nasceu puramente como marketplace, depois da venda, você faz a distribuição como costumava fazer na sua vertical. Quando começamos a implementar os desenhos, antes de ir para o ar, descobrimos que elas não têm conhecimento nem prática de logística e distribuição. Ao mesmo tempo que comemora uma venda, a marca independente já precisa pensar “ai, meu Deus, tenho que empacotar, ir aos Correios”. Então, descobrimos que 90% não estavam preparadas mesmo. Aí, a gente montou um centro de distribuição em São Paulo com toda estrutura. Comuniquei as marcas que embalaremos, enviaremos e faremos logística reversa. Um varejista comum hoje pede um markup de 2,8 e a gente trabalha com 1,7. Das 52 marcas 45 usam nosso CD.
Qual balanço você faz do primeiro mês de vida?
A gente colocou o site no ar e ele caiu em 40 minutos, eram doze mil acessos simultâneos. Ficamos duas horas off, não esperávamos esse drama, mas as pessoas acabaram indo para os sites das marcas. Então, foi bom, um exercício de resiliência. Estamos com 23 dias operacionais e agora em setembro devemos ter uma operação 41% maior. Estamos ganhando tração!
Top 3
1. Bobbi Brown lança chocolate funcional para pele e cabelo
Bobbi Brown, cuja marca de maquiagem hoje é controlada pela Estée Lauder, passou a investir em bem-estar com sua marca EVOLUTION_18, disponível exclusivamente no Walmart amerciano. Agora ela apresenta o chocolate Beauty Bites, pequenas doses de beleza para comer — aqui já falamos sobre essa tendência de produtos de beleza para comer e beber. “Meu sonho era criar um chocolate do tamanho de uma mordida que tivesse um sabor rico e delicioso, mas que também fosse cheio de ingredientes bons para você, como colágeno, ácido hialurônico e biotina, que trabalham para mantê-los sua pele, cabelo e unhas saudáveis”, disse Brown à Forbes. Cada Beauty Bite contém 250 mg de peptídeos de colágeno para firmar a pele e 500 mcg de biotina que ajuda no crescimento e fortalecimento de cabelos e unhas. Estão disponíveis em dois sabores: chocolate com manteiga de amendoim e uma versão crocante com chocolate amargo e amendoim.
2. México se torna o primeiro país da América do Norte a proibir testes de cosméticos em animais
O projeto de lei federal, aprovado por unanimidade no Senado, também proíbe a fabricação, importação e comercialização de cosméticos testados em animais. A proposta foi feita pelo senador mexicano Ricardo Monreal, apoiado por gigantes da indústria, como Lush, Unilever, P&G, L’Oréal e Avon, que trabalham com a HSI globalmente por meio da Avaliação de Segurança Livre de Animais (AFSA). “Este é um passo monumental para os animais, consumidores e ciência no México, e esta legislação inovadora abre caminho para que as Américas se tornem o próximo mercado de beleza livre de crueldade”, disse Antón Aguilar, diretor executivo da Humane Society International (HSI) no México. A proibições de testes em animais já foram introduzidas em 41 países em todo o mundo, com consumidores e empresas pressionando por uma produção cosmética mais ética.
3. Novos produtos YSL para a geração Z
A marca de luxo lança uma nova linha de produtos de maquiagem e cuidados com a pele em uma abordagem “menos é mais” com “beleza natural”. Chamada NU, a base da linha foi construída com o ideal de realçar, ao invés de cobrir, as imperfeições da pele. Pode parecer paradoxal, mas isso é marketing positivo para alcançar os compradores de beleza da Geração Z anti-aspiracionais. Assim, A YSL comunica que a linha veio para destacar a “assinatura da pele” das pessoas – ou atributos como sardas, olheiras e texturas irregulares. Os produtos incluem um Bare Look Tint, que oferece uma leve cobertura para o rosto, e um Dewy Mist para hidratar a pele.
E mais
A Urban Decay Cosmetics está lançando “Online Bullying Hurts IRL”, uma iniciativa global que se compromete a trazer uma consciência sobre o impacto pessoal do bullying online e promover o bem-estar digital. A iniciativa, é realizada em parceria com a The Cybersmile Foundation, instituição que luta contra os efeitos nocivos das redes sociais e faz campanha por mais empatia nos ambientes virtuais.
. Mais uma celebridade investe no mundo da beleza: a atriz Jennifer Aniston anunciou sua linha de produtos veganos para cabelos. O primeiro lançamento da LolaVie é um spray hidratante desenvolvido com limão, chia e bambu.
. L’Oréal Brasil lança programa de capacitação para o mercado de trabalho. Com aulas de computação, inglês e empreendedorismo, jovens em situação de vulnerabilidade social, principalmente mulheres negras e trans, receberão treinamento específico para cada uma das divisões de negócio da companhia.