Biotecnologia, skincare anti-estresse e outras tendências de cuidados com a pele pra ficar de olho
Futuro

Biotecnologia, skincare anti-estresse e outras tendências de cuidados com a pele pra ficar de olho

por Larissa Nara

Skincare é O assunto no universo da beleza, especialmente durante a pandemia, quando o mercado ficou ainda mais robusto. Pesquisas dos Institutos Perception e Segmenta apresentadas durante a Semana ABIHPEC de Mercado, em setembro do ano passado, mostraram que o setor de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos foi um dos mais impactados pela pandemia do Covid-19 — o levantamento mostrou que cerca de 43% dos consumidores viram nesse período uma chance de mudar hábitos e prática frequente de cuidados com a pele aumentou 43,8%.

Nesse cenário, a tal “skinquerização” da beleza, como a gente brinca por aqui, ultrapassou os limites do rosto e chegou a produtos específicos para a pele do couro cabeludo e até do bumbum (!). Não à toa, vimos uma explosão de lançamentos e novas marcas surgirem no mercado trazendo desde formulações ricas em ativos poderosos até rolinhos de jade e gadgets tecnológicos para otimizar os resultados na pele.

Mas o que o futuro nos reserva? Quem responde é Elisabeth Bouhadana, diretora científica global da L’Oréal Paris, que trabalha há quase 20 anos nos laboratórios do grupo francês e está envolvida nas principais pesquisas que devem se transformar nas belezinhas que vamos querer daqui pra frente. Confira:

Sustentabilidade e inovação
Quando se fala em sustentabilidade, há um olhar mais direcionado para a biotecnologia e economia circular — que se baseia na reutilização, recuperação e reciclagem de materiais e energia e transformando resíduos em insumos e/ou novas matérias-primas. Há alguns anos, a L’Oréal aposta em ações que promovem esse modelo para construir caminhos de circularidade em suas embalagens e produtos, e, segundo Elisabeth, já conta com 60% do portfólio à base de ativos e ingredientes sustentáveis (a meta é aumentar esse número para 95% até 2030). “Atualmente temos um departamento totalmente dedicado a biotecnologia e desenvolvimento de ingredientes inovadores e ativos sustentáveis, como o ácido hialurônico produzido através de processos de fermentação e o estudo de outros antioxidantes”, conta. “Recentemente descobrimos que alguns dos polifenóis derivados das peônias tem propriedades muito interessantes capazes de proteger a nossa pele. Começamos a trabalhar com as raízes de peônia, da qual uma única célula é capaz de produzir toneladas de polifenóis. Além disso, também temos um time inteiro dedicado em descobrir como produzir retinol sustentavelmente. O primeiro passo foi ser capaz de estabilizar esse composto tão frágil sem usar estabilizadores prejudiciais ao planeta”, complementa.

Sem estresse
Após quase dois anos tão estressantes sentimos os efeitos, literalmente, na pele. Queixas de acne e dermatites atópicas foram frequentes nos consultórios dos dermatologistas. Por isso, as próximas fórmulas de skincare em 2022 devem se concentrar em ajudar minimizar os efeitos do estresse.

Segundo Elisabeth, quando falamos em estresse oxidativo devemos considerar que há uma soma de fatores internos e externos. Reservar um tempo para rituais de bem-estar podem ajudar a reduzir um pouco o estresse e, por sua vez, os níveis de cortisol. “Só de você decidir cuidar de si mesmo, de tocar a sua pele já é um passo na hora de diminuir os efeitos do estresse na pele. Até mesmo a prática de massagens faciais ajuda a diminuir não só a tensão muscular, mas a mental também. Mas, pensando em fórmulas, ativos ricos em propriedades antioxidantes, como ácido hialurônico, vitamina C, vitamina E e até alguns óleos vegetais, são excelentes — especialmente se aliados a uma limpeza gentil do rosto, a uma boa hidratação para fortalecer a barreira da pele”, completa. Outra dica da expert é procurar usar filtros solares com adição de ativos antioxidantes para reforçar a proteção.

Foco no microbioma
Não é de hoje que a ciência vem prestando atenção na microbiota do nosso corpo. Essa história, que começou anos atrás com pesquisas sobre a flora intestinal, está migrando para a saúde da nossa pele e, consequentemente, para as fórmulas de skincare. “Quando nossa pele está saudável consegue reequilibrar o microbioma naturalmente em apenas uma noite. Porém, as peles sensibilizadas, que sofrem com dermatites e inflamações, não. Por isso se beneficiam muito desses componentes”, diz. “Ao trazemos probióticos para uma composição de skincare, usamos alguns fragmentos dessas bactérias para que os microrganismos da pele os reconheçam e consigam reequilibrar o microbioma e a barreira protetora”, continua.

No entanto, para além desse fortalecimento, descobertas recentes do grupo mostraram que alguns probióticos podem ajudar até mesmo na firmeza da pele e na redução de sinais. “Recentemente a L’Oréal Paris lançou [lá fora] uma versão de seu creme Revitalift para peles sensíveis desenvolvida com cinco tipos de probióticos selecionados. Enquanto um deles é altamente dedicado a controlar a sensibilidade da pele, descobrimos que os outros quatro, são muito eficientes em acelerar a simulação de produção de proteínas úteis para manter a pele com aparência descansada”, diz. Segundo ela, alguns desses probióticos, inclusive, conseguem enviar sinais para a pele otimizar a produção de colágeno. “Tal descoberta é muito importante, pois a pele sensível, muitas vezes, tende a ter um processo acelerado de envelhecimento, e esses probióticos se mostram uma ótima saída como tratamento para quem tem medo de usar ativos mais clássicos como o retinol, por exemplo”.

Queridinhos atualizados
Basta uma rápida olhada nos lançamentos mais recentes de skincare para ver como vitamina C e ácido hialurônico protagonizaram os rótulos de uns tempos para cá. No entanto, apesar de eles ainda continuarem populares, há alguns outros ativos que parecem ganhar cada vez mais força na indústria. Entre eles, retinol, vitamina E e niacinamida. “O retinol é o ativo número um recomendado pelos dermatologistas, pois é muito usado para transformar e renovar a textura da pele, reduzir a aparência de manchas e linhas de expressão – o que o torna um ativo muito poderoso de se incluir na rotina de beleza, especialmente após os 45 anos. Já a niacinamida é rica em muitas propriedades interessantes. A primeira e mais conhecida, é que ela é ótima para peles sensíveis, já que reduz vermelhidão e reatividade; mas também pode ser muito eficiente na hora de tratar sinais do envelhecimento precoce e diminuir pontos de hiperpigmentação”, finaliza.

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