Futuro
Iniciativas contra pobreza menstrual + transparência sobre beleza sustentável
por Manuela Aquino
Always lança campanha contra pobreza menstrual no Brasil
Para quem tem absorvente, coletor menstrual e banho quentinho sempre à disposição durante o período menstrual, precisar mudar a rotina ou improvisar com papel higiênico, toalha de papel e até pedaços de pano ou jornal é algo inimaginável. Mas, infelizmente, essa é a realidade de muitas mulheres que, por razões financeiras, não conseguem comprar absorventes: a ONU estima que 1 em cada 10 meninas no mundo falte à escola durante a menstruação. Já no Brasil os dados são piores, como mostra uma pesquisa realizada pela Always em parceria com a Toluna. A iniciativa faz parte da campanha que a marca lança #MeninaAjudaMenina. Nela, além da busca por mais informação e comunicação sobre o tema para a sociedade, haverá distribuição de até um milhão de absorventes para meninas sem acesso ao produto. Isso se faz muito necessário já que, de acordo com o estudo, cujos dados foram analisados pela antropóloga Mirian Goldenberg, uma em cada quatro brasileiras já faltou a aula por não ter como comprar absorvente. Dessas, 45% acredita que não ir à aula por este motivo impactou de maneira negativa o desempenho escolar. “O dado que chama mais atenção é que 51% delas tiveram a confiança abalada pela falta de absorvente. Além disso, não se sentem confortáveis em falar sobre o assunto mesmo com pessoas próximas”, diz Mirian. A campanha de doação será através do sistema compre e doe.
Allure faz mudanças no uso de terminologia sobre sustentabilidade
A revista, publicação referência no segmento de beleza publicada pela Condé Nast, comunicou que vai repensar toda terminologia usada quando se fala em sustentabilidade. A ideia é que o público leitor tenha mais conhecimento sobre os produtos indicados, além de puxar a indústria para um movimento de maior transparência. Para isso a equipe da Allure se comprometeu a escolher com muito cuidado formas de falar sobre embalagens “sustentáveis”. “Precisamos tomar uma posição quanto à linguagem que usamos. Espero que todos comecem a pensar mais sobre esses termos à medida que o consumidor se torna mais conhecedor do assunto”, disse Jenny Bailly, diretora executiva de beleza da Allure. Na prática, impresso e site, por exemplo, não irão se referir a nenhum tipo de plástico como reciclável, já que os números de reaproveitamento do material são muito baixos. Também, quando se trata de descrever embalagens, estão proibidos termos como “biodegradável” — Allure explicou que, embora o último defina uma substância ou objeto que é capaz de ser decomposto por bactérias ou outros organismos vivos, não há limite de tempo específico e a maioria dos aterros sanitários não tem oxigênio suficiente para fazer o trabalho. Já a palavra verde, às vezes usada para “beleza verde”, “produto verde”, referindo-se a produtos clean beauty ou com presença de ingredientes naturais, será usada estritamente como referência de cor mesmo. Não é a primeira vez que a publicação faz este tipo de mudança editorial, em 2017, o termo antiaging foi eliminado para ampliar os olhares e quebrar preconceitos e padrões em relação ao envelhecimento.
Produtos cruelty-free na China estão cada vez mais perto de serem realidade
No último dia 1, o governo chinês decretou o fim dos testes em animais que eram obrigatórios para a maioria dos cosméticos importados: aí entram itens de cabelo e maquiagem. No entanto, produtos classificados como “cosméticos especiais”, entre os quais figuram tintura e protetor solar, não estão incluídos. Então, não é o fim dos testes, mas um grande passo. Para empresas que eram barradas na obrigatoriedade, a notícia é bem boa, afinal, a China é o segundo maior mercado de cosméticos depois dos Estados Unidos e gera receita de 4 bilhões de euros.
Zara e Farfetch de olho no mercado lucrativo da beleza
Dia 12 de maio será o lançamento oficial da Zara Beauty — a linha vai ser bem parecida com o estilo da moda da marca: preços mais acessíveis por um produto com ares fashion and chic. Haverá batom, blushes, produtos para os olhos e alguns pincéis. Destaque para a quantidade de tons dos itens para olhos — 130! A coleção foi desenvolvida em parceria com a maquiadora Diane Kendal, que assina a direção criativa. “Durante a pandemia, senti que estava com uma veia criativa aflorada e queria usar mais cores. Acredito que as pessoas, no pós-pandemia, vão querer brincar e experimentar novos looks que não usaram antes”, disse em entrevista à ELLE inglesa. A coleção terá, além da gama de cores de sombras e lápis, 12 tons de batons e 36 de esmaltes. Além da Zara, tem mais empresas de moda flertando com a beleza, e não é de hoje. Segundo o WWD, o e-commerce de luxo Farfetch, está de olho na Violet Grey como possível caminho de entrada neste universo, com uma aquisição ou parceria. O negócio seria bom para a marca de beleza, que já teve alguns anos atrás conversas com a Amazon e vendeu parte de seu negócio para Shiseido na intenção de investir em e-commerce.
O crescimento da halal beauty no nicho clean
A lebre foi levantada por uma matéria do Business of Fashion que analisa o crescimento dos produtos halal na beleza. A gente já falou sobre esse conceito e as perspectivas deste mercado, mas o que ele tem a ver com beleza limpa? Os produtos, para receber o selo, precisam ser inspecionados e não podem ter ingredientes animais nem álcool, entre outros itens. “Muitas vezes pensamos que se trata apenas dos ingredientes, mas também da origem das matérias-primas, do processo de fabricação e, em alguns casos, até mesmo do desempenho do produto final”, diz Roshida Khanom, diretora de categoria de beleza e cuidados pessoais da Mintel para a reportagem. Então, o consumidor que curte clean beauty pode se interessar pela halal. Já nos mercados com populações muçulmanas significativas, há uma predileção cada vez maior. E ainda há os números que ajudam a demonstrar que há sim uma competição boa, dois deles, a respeito do futuro, dão uma boa ideia do negócio promissor. O Relatório Anual de Economia Islâmica Global aponta que os gastos de muçulmanos até 2024 subirão para 2,4 trilhões de dólares e a indústria halal pode chegar a valer 52,2 bilhões de dólares daqui 5 anos.