Como as marcas de beleza estão se preparando para 2024 — ano em que a disputa por clientes, diante do número crescente de nomes no mercado, será bem acirrada –, é o tema de uma análise publicada recentemente pelo Business of Fashion. De acordo com o artigo, em um primeiro momento poderia se pensar apenas em investir dinheiro em influência, publicidade no Instagram e veículos online, mas o olhar de empresários e equipes vai além das telas de smartphones e computadores, entendendo que é preciso satisfazer a demanda dos clientes por novidades e inovação (sustentáveis, claro!) em um calendário de lançamentos mais enxuto, pois o consumidor não está com tanto dinheiro assim.

Jules Miller, CEO da empresa de beleza holística de suplementos The Nue Co., já percebeu que o consumo diminuiu, mesmo que seu portfólio seja inovador, como deseja a clientela, com itens para saúde intestinal e perfumes que alteram o humor. “Está mais difícil quebrar a barreira de se apresentar a quem não conhece uma nova categoria”, disse à BOF. E “entrar” na navegação de alguém no celular de alguém oferecendo uma nova marca está caro também e mais difícil. Mudanças relacionadas à privacidade feitas no sistema operacional do iPhone em 2021, por exemplo, levou milhões de investimento das marcas e representou 30% a menos na conversão no Instagram e no Facebook.

Um das maneiras para driblar um cenário de falta de recurso por parte das empresas e do consumidor, além da concorrência, é investir em campanhas via e-mail marketing, uma estratégia já conhecida e que pode ajudar a cativar o cliente com uma aproximação mais pessoal, descontos no mês de aniversário e programas de fidelidade com recompensas. É o que tem feito, por exemplo, a marca inglesa de cosméticos Vieve. Além de ter reforçado o time deste tipo de marketing por e-mail, também tem investido em eventos presenciais no Reino Unidos e nos Estados Unidos. Por aqui, a gente observou o fenômeno das casas de beleza das marcas que, pelo jeito, devem ganhar novas versões. Ter algo exclusivo para poucos, ganhar brindes especiais e a chance de conhecer quem faz parte da marca conquista o consumidor.

E, por fim, ainda falando em presença e contato direto, o varejista passar a ser rei, pois os investidores preferem quem tem presença física. Os fabricantes também já perceberam que o varejo voltou com tudo e que as experiências nas lojas precisam, além de existir, estar sempre em inovação. Vimos por aqui, mega lojas com espaço de customização de produtos, como a loja da Bruna Tavares, e jeitos inovadores de atrair o público, como um menu de cafés inspirados em fragrâncias, como fez O Boticário. Máquinas de avaliar a pele, testers atraentes e fáceis de usar, brindes e atendimento quase personalizados já são itens básicos.

TOP 3

. Grupo Boticário inova com linha de pincéis acessíveis
Quem Disse, Berenice? lança linha de pincéis funcionais para pessoas com deficiência visual ou baixa visão. Entre os recursos, escritos em alto relevo na base e cerdas coloridas diferentes para identificação da função, além de base quadrada e superfície plana para evitar que, na hora do make, o pincel role pela bancada ou pia do banheiro. A ideia de desenvolver os produtos veio da Comunidade Beleza Livre, do Grupo Boticário, que ajuda a empresa no desenvolvimento de produtos com sugestões composta por grupo minorizados. “É essencial que pessoas com deficiência desempenhem um papel de protagonismo na criação de novos produtos”, afirma Clarice Sasson, Gerente Sr. de Inovação Estratégica de Produtos do Grupo Boticário.

. Novex passa por rebranding pela primeira vez em 30 anos
De olho nas mudanças do consumidor, cada vez mais bem informado e querendo novidades sustentáveis, a marca decidiu fazer algumas mudanças importantes, a começar pela mudança das linhas que agora são 100% veganas. “A linha de abacate e mel ainda não era e conseguimos criar o mel da batata doce com os mesmos resultados”, disse ao site especializado Brazil Beauty News, a gestora de Novex Aline Barbosa. Como é de se esperar em um processo desse, houve mudanças também em embalagem com formas mais curvas, informações mais claras e um novo slogan “Encante-se por você”. De acordo com a reportagem, as mudanças de layout estão sendo feitas de forma gradual e chegam a todas as linhas até março deste ano.

3. The Body Shop se torna a primeira marca global de beleza totalmente vegana
A marca, recém-vendida pela Natura, anunciou que se tornou a primeira marca global de beleza a atingir formulações de produtos 100% veganos em todas as linhas. A meta havia sido estabelecida em 2021 quando 60% dos seus produtos passaram a ter o selo Vegan Society. “Fomos a primeira empresa de beleza a lutar contra os testes em animais em cosméticos. Fomos a primeira grande marca global de beleza a usar almíscar livre de crueldade em nossas fragrâncias. Alcançamos agora outra inovação global”, disse no comunicado para imprensa Ian Bickley, CEO da The Body Shop. O mercado de produtos de beleza veganos deve crescer 6,31% ao ano até 2029. 

E mais:

. Grupo L’Occitane aumenta seu portfólio ao adquirir a Dr. Vranjes Firenze, marca italiana de fragrâncias de luxo. A marca originária da Toscana foi fundada em 1983 e hoje está presente em 75 países. O valor da transação não foi divulgado. 

. L’acqua di Fiori começa a incorporar o sistema de vendas diretas ao de franquias. São esperados 30 mil revendedores até o fim do ano e um aumento de 30% no faturamento. 

. A L’Oréal investe, por meio de compra de ações, na empresa suíça especializada em soluções para redução de consumo de água, Gjosa. Ambas já fizeram parceria anterior para criação do chuveiro de salão L’Oréal Professionnel Water Saver, que tem tecnologia patenteada de fragmentação de água e reduz o consumo em até 69%. 

. Madonna se une a Jerrod Blandino, fundador da Too Faced, para criar uma coleção de maquiagem limitada inspirada em alguns de seus makes icônicos de turnês ao longo das últimas quatro décadas.

. Chanel inaugura sua primeira loja em Mumbai. Localizada no Phoenix Palladium Mall, shopping de luxo da cidade, o endereço é o terceiro da marca na Índia. O mercado indiano de beleza prestígio (cosméticos, maquiagem e fragrância) deve chegar a US$ 2,28 bilhões neste ano.