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Belezinha responde: luz azul do celular faz mesmo mal à pele? Nem tanto…
por Larissa Nara
A luz azul, essa celebridade de 2020, é parte da radiação solar que conseguimos ver. Tem comprimento de ondas mais curto do que a luz ultravioleta (UV) e também está presente nas lâmpadas e dispositivos eletrônicos. Não à toa, foi um dos tópicos de beleza mais falados no último ano: em plena pandemia, trabalhando ou socializando, passamos boa parte do tempo em casa com o rosto em frente ao celular ou computador. A gente acompanhou por aqui lançamentos mil que incrementavam a proteção da pele contra seus efeitos (manchas, principalmente): de antioxidantes para serem ingeridos à creminhos de uso tópico.
No entanto, embora a interferência da luz azul na nossa visão e sono sejam relativamente bem documentadas, pesquisas recentes mostram que seus efeitos na pele ainda não foram comprovados cientificamente. Em maio deste ano, um poster publicado pela Beiersdorf – empresa alemã dona de marcas como Nivea e Eucerin – acendeu entre nós o debate sobre como os efeitos dessa luz, proveniente de dispositivos eletrônicos, podem ser insignificantes se comparados com os raios UV e reconhecidos por impactar a pele, causando envelhecimento precoce e hiperpigmentação, por exemplo.
De acordo com Felipe Ribeiro, dermatologista de São Paulo e professor de dermatologia na Universidade de Mogi das Cruzes, a luz dos aparelhos eletrônicos atinge a pele, mas não com força suficiente para repercutir alterações. “Já existem, inclusive, estudos mais consistentes sobre o assunto. Um deles, publicado na Journal of American Academy of Dermatology (JAAD) [a mais conceituada revista de dermatologia do mundo] demonstrou que para que tenhamos o equivalente a um minuto de exposição solar, precisamos de 1.950 horas ininterruptas de exposição sem filtro solar em frente a esses aparelhos”, diz. “O que sabemos realmente é que, se fossemos irradiados pela luz artificial com força suficiente para causar qualquer problema, ela causaria manchas em peles com fototipo acima de 4”, continua.
Além disso, segundo o dermatologista, é preciso desmistificar a luz azul, ao menos a dos aparelhos dermatológicos usados dentro dos consultórios. “Há anos é usada, em conjunto com substâncias fotossensibilizantes, em alta voltagem e tempo controlado, como tratamento para vitiligo, casos de psoríase e até alguns tipos de canceres de pele”, conta. “Mas, é preciso lembrar que a voltagem desses aparelhos, que chegam a atingir as camadas profundas da pele, é muito mais alta do que a dos celulares e computadores.”, reforça.
Ok, então tudo isso quer dizer que podemos parar de usar protetor solar diariamente e dentro de casa? Não. “O uso é essencial para proteger a pele dos raios UVA, UVB e da luz visível natural que entra de dia pela janela e portas ”, alerta. Porém, o uso à noite e especificamente na frente dos aparelhos eletrônicos é dispensável. Outro detalhe importante: preste atenção na fórmula do filtro solar, seja ele físico ou químico. “Muito se fala sobre as fórmulas com cor, mas não basta ter cor. Esse pigmento precisa ser proveniente do óxido de ferro, que é o ingrediente que de fato reflete a luz visível”, finaliza.