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Microbiota vaginal: como e porquê manter a flora da região equilibrada
por Larissa Nara
Falar de microbioma virou assunto recorrente nos últimos anos até no mercado de skincare. Termos como prebióticos, probióticos e pós-bióticos estão cada vez mais relacionados com o equilíbrio e a saúde de regiões como pele, couro cabeludo, intestino e vagina também — nos EUA uma nova safra de suplementos específicos para mulheres promete dar uma força extra na manutenção da flora da região.
A microbiota vaginal é composta, em sua maioria, por lactobacilos – bactérias responsáveis pela produção de ácido láctico e por manter a acidez da vagina. Segundo Patrícia Valentini Melo, ginecologista, obstetra e mastologista em São Paulo, é esse ambiente ácido que ajuda a manter a vagina protegida e por isso é importante mantê-lo equilibrado. “Quando a gente muda o pH, muda a microbiota e acaba propiciando condições para que outros microrganismos cresçam ali, o que aumenta a nossa predisposição a vaginoses, candidíase e outras infecções, como as sexualmente transmissíveis”, explica.
Para manter esse equilíbrio em dia é importante cuidar do sistema imunológico por meio de melhorias no estilo de vida. Além disso, evitar hábitos prejudiciais como duchas no canal vaginal, uso de sabonetes, lubrificantes inadequados e produtos irritativos na região íntima, por exemplo, faz diferença. “Teoricamente a gente nem deveria usar sabonetes na região da vagina, só lavar com água. É muito difícil mudar essa cultura de que a vagina precisa ser excessivamente limpa, inclusive nos consultórios.” Na hora do banho o ideal seria só tirar o suor da região da virilha, limpar a região anal — onde pode usar sabonete — e deixar o uso de sabonetes íntimos reservados para momentos específicos, como após a relação sexual e durante a menstruação. Se você não abre mão de um sabonete, prefira as versões líquidas e use uma formulação específica para manter o pH ácido na região da vulva, sem exagero.
Conexão com o intestino
Disbiose vaginal é o nome do desequilíbrio da flora comum a partir da perimenopausa, mas não só. “Muitas mulheres, que ainda não chegaram nessa fase da vida, sofrem com a questão, por conta de um estilo de vida que afeta a flora intestinal. Existe um biofilme que liga todas as mucosas do nosso corpo e quem coordena tudo é o intestino. Por isso, estresse, sono ruim, sedentarismo, alimentação inadequada afeta a integridade da flora intestinal e da vaginal, consequentemente”, diz.
Com a diminuição dos hormônios, especialmente do estrogênio, a partir da perimenopausa (período que antecede a menopausa) pode haver perda de elasticidade das camadas da vagina e do sistema urinário, além de processos inflamatórios e sintomas como ardência, coceira, corrimento — com cor e cheiro forte, muito distintos da secreção habitual natural.
Como tratar
Patrícia diz que o primeiro passo é melhorar o estilo de vida, mantendo uma dieta saudável e nutritiva, praticando exercícios e incluindo bons hábitos na rotina. Ajustado isso, o tratamento com acompanhamento médico, pode incluir reposição hormonal, laserterapia fracionada e uso de probióticos, geralmente manipulados e que podem ser orais ou vaginais, para repovoar a microbiota.