Pelos femininos sim
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Pelos femininos sim

por Redação Belezinha

foto: cantora Annahastasia para Nike Women (Instagram)

por Julliana Araújo

Pelos femininos ainda é assunto e ele é polêmico – simplesmente porque nunca foram totalmente absorvidos pela sociedade. Assimilados com muita resistência nos últimos anos e alçados à categoria de tendência, especialmente entre os gen z, eles ainda são constantemente relacionados a estereótipos sociais, classistas, religiosos e culturais. Não à toa, a depilação segue sendo uma das principais buscas estéticas femininas, especialmente entre as mulheres mais jovens – mesmo que para isso os métodos sejam majoritariamente dolorosos ou causem desconforto (não faltam relatos até do uso da lâmina, objeto mais comercializado na remoção de fios faciais e corporais no país).

Um artigo da revista JAMA Dermatology e publicado pela Associação Médica Americana de Dermatologia, mostrou que há uma maior propensão de remover dos pelos entre mulheres mais jovens, do que entre aquelas com mais de 40 anos. Já o segundo, publicado pela revista de saúde sexual Journal of Sexual Medicine, vinculou o fenômeno da depilação à disponibilidade de pornografia.

No entanto, em uma evolução mais recente do debate, a escolha de manter os pelos femininos vem sendo adotada por um número crescente de mulheres. Não só pelo desconforto trazido pelos procedimentos depilatórios e pelas complicações decorrentes de muitos anos repetindo o processo, mas também pelo aumento de informações e referências trazidas pela internet e portfólios de produtos com a proposta de aceitação, que fortalecem a decisão rumo a outras possibilidades de estar de bem com os pelos no dia a dia.

Muitos dos preconceitos e percepções sociais presentes nos cabelos são absorvidos para os fios faciais. Sem surpresa alguma, percebemos que pelos lisos são menos presentes nos rostos do que fios crespos, com estereótipos intensificados a partir da racialidade. Nesse contexto, evidenciar representações de mulheres não brancas para fortalecer um movimento contra-hegemônico e decolonial, é estratégia fundamental.

Escolha sim, regra não

Prezar pelo direito de escolha, muitas vezes está diretamente ligado às referências e possibilidades que nos cercam. Por isso, é fundamental centralizarmos figuras e personalidades que escolheram pela não remoção dos fios faciais e corporais, como é o caso de mulheres inspiradoras, como Alicia Keys, Solange Knowles, Marsai Martin, Arvida Byström, Bel Moreira, Bruna Linzmeyer (que já disse tomar a decisão de parar com a depilação num exercício, inclusive, de não julgar escolhas de outras mulheres) e Emily Ratajkowski – as duas últimas, inclusive, estamparam as publicações Marie Claire Brasil e Harper’s Bazaar americana, respectivamente, com as axilas não depiladas e viraram notícia. Assim como a cantora nigeriana-americana Annahastasia, que estrelou uma campanha digital (foto) da Nike em 2020.

Além de buscar novas referências, é importante frisar socialmente essa liberdade: depilar deve ser uma escolha e não uma regra. Somos livres para experienciar nossos corpos de formas plurais, o que viabiliza e impacta de forma positiva esse cuidado cotidiano. Miley Cyrus é outro exemplo que foi além, e apareceu por aí com as axilas tingidas de rosa. Além disso, existe a necessidade de o mercado incentivar essa demanda projetando cosméticos que atendam à diversidade das necessidades para fios faciais-corporais, bem como, de ferramentas menos invasivas acessíveis para remoção deles, construindo com isso protolocos mais saudáveis e naturais para a categoria.

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