Nos últimos anos, sexual care e cuidado íntimo viraram pautas frequentes. A pandemia não só impulsionou a atualização desses temas – que (ainda bem!) estão longe dos estereótipos sobre “beleza íntima”, mudança de aparência ou camuflagem do cheiro natural da vagina e cada vez mais ligados à autoconhecimento, intimidade e prazer da gente com os nossos próprios corpos; como potencializou o desejo de cuidar da saúde íntima.

É claro que, com isso, a categoria do mercado de ‘skintimates’ — focada em produtos para uso íntimo inspirados no skincare – tem se tornado cada vez mais popular. Hidratantes e séruns vaginais aparecem com fórmulas mais transparentes, seguras e zero ligadas a estética. Eles incluem ingredientes com funções calmantes para tratar questões para além da lubrificação, como irritação e ressecamento.

Patrícia Valentini Melo, ginecologista, obstetra e mastologista em São Paulo, diz que cuidados com vagina e vulva ajudam a prevenir que a região sofra com a diminuição de hormônios que ocorre após a menopausa, por exemplo. “Muitas mulheres podem ter uma perda só da lubrificação natural — que é feita por fluídos secretados por glândulas presentes em regiões como colo do útero e entrada vagina principalmente no momento de excitação. É isso que ajuda a diminuir o atrito na hora da relação, reduzindo sensação de dor e desconforto”, diz. Porém, segundo ela, com o tempo e fatores diversos como alterações hormonais, diminuição dos níveis de progesterona durante a perimenopausa, deficiência nos níveis de testosterona e até estresse, essa lubrificação é afetada.

Lubrificante x hidratante
A especialista explica que hidratante e lubrificante são coisas bastante diferentes. “Os lubrificantes têm uma ação imediata, servem para serem usados logo antes ou durante a relação sexual ou masturbação. A ação deles é tão rápida que, muitas vezes, o produto precisa ser reaplicado, seja na entrada da vagina, no pênis, nos dedos, nos sex toys, enfim, no que a pessoa for utilizar”, diz.

Já o hidratante tem outra função. “A diminuição de estrogênio que acontece na menopausa e perimenopausa, mas também após tratamentos de câncer e, às vezes até no período de amamentação, pode levar a uma perda de elasticidade das camadas da vagina e do sistema urinário que, devido ao processo inflamatório, traz sintomas como ardência, coceira, ressecamento, irritação e que, com o tempo muda totalmente o pH da região, diminuindo a secreção onde moram os lactobacilos e facilitando infecções. Nesses casos, que são diferentes da perda de lubrificação natural, existem muito mais sintomas e é quando os hidratantes, junto com outros tratamentos, podem ser usados”, explica. Essas fórmulas, especialmente as com ácido hialurônico, provocam a hidratação, aumentam a umidade e um maior conforto na região mesmo fora da relação. “Elas formam uma espécie de camada que deixa a parede vaginal mais espessa e possuem um tempo de duração maior, com necessidade de reaplicação de dois a três dias”, continua.

De olho nos rótulos
Em ambos os casos, é preciso ter atenção com os ingredientes das fórmulas. “Substâncias como parabenos e derivados de petróleo, por exemplo, devem passar longe. Corantes, perfumes e sabores (especialmente quando falamos de lubrificantes) também podem ser bastante irritativos”, nos disse a médica.

A gente andou recebendo novidades com foco em hidratação da vulva e vagina e fez uma seleção detalhada, com as indicações de cada fabricante. Dá uma olhada!

Intemé Hidratante Calmante, Profuse, R$ 75
Indicado para ser usado na vulva, une ativos calmantes e hidratante que aliviam a irritação da pele sensibilizada – especialmente em procedimento pós-depilação. Promete hidratar e reparar a barreira da pele, mantendo o equilíbrio do microbioma. Pode ser usado em peles sensíveis e sensibilizadas.

Lubrificante e Hidratante Íntimo, Feel, R$ 90
A base de água, é lubrificante e hidratante. Seguro para uso interno, ajuda não só na hora da relação sexual, mas também alivia o ressecamento vaginal em fases como puerpério, perimenopausa e menopausa. Com extratos de calêndula, aloe vera e vitamina E.

Sérum íntimo Hidratante Reparador, Lubs, R$ 109
A fórmula natural e vegana, aumenta a elasticidade da pele, acalma, promete hidratação por 24 horas e é composta por ativos como ácido hialurônico nanoencapsulado, aloe vera, calêndula, vitamina E e melaleuca nanoencapsulada. Tem ação prebiótica, rápida absorção e é livre de fragrância. Segundo o fabricante, pode ser aplicado com duas a três gotas todos os dias à noite, depois do sexo ou depilação. Pode ser usado nas áreas vulvar, peniana e anal – ou em toda a pele da região íntima.

Cannabis pra cuidado íntimo
Disponível no Brasil sob receita médica, sérum íntimo da GreenCare é um fitofármaco à base de cannabis criado para reduzir desconfortos na região íntima em pessoas que sentem dor durante o sexo, sofrem com os efeitos da endometriose ou vaginismo. Ele contém apenas CBD e não é um lubrificante — foi criado para ser usado na região periférica por causa dos efeitos analgésicos e anti-inflamatórios.