Fragrância
Chanel para colecionadores
por Vânia Goy
Não existe uma fragrância mais cheia de lendas do que o Chanel No. 5. Considerado o perfume mais vendido do mundo, ele faz parte de citações inesquecíveis, como a de Marilyn Monroe, que disse dormir nua, apenas com duas gotinhas dele em seu corpo.
Livros contam que quando Chanel sentiu a fragrância criada por Ernest Beaux pela primeira vez disse que um perfume como aquele jamais havia sido criado. Com oitenta ingredientes, era “um perfume de mulher que tem cheiro de mulher”, segundo ela.
Para nós, mocinhas contemporâneas, a marca lançou, em 2007, o Chanel No. 5 Eau Première, mais leve e fresco, um floral atalcado que agora ganha uma edição especial. Até o fim de maio, todas as boutiques Chanel prestarão uma homenagem à fragrância mítica com embalagens colecionáveis do Eau Première.
Expert no assunto, o nosso 1Nariz, Dênis Pagani, está fazendo uma série de textos contando histórias do Chanel No. 5. O primeiro deles você lê abaixo!
“Há muitas lendas para contar a história de Chanel No. 5. Um erro do assistente do perfumista Ernest Beaux, que ao invés de uma solução a 10% de aldeídos, os colocou puros. Que Chanel escolheu o ensaio número 5 porque era seu número da sorte. Já a história de como o fabricante do perfume mais famoso do mundo passa Coco Chanel para trás — essa não é tão comum. A fonte é Dana Thomas, no livro Deluxe: How Luxury Lost its Luster.
Com o perfume pronto — escolha a lenda que preferir — Chanel prefere não anunciar na imprensa ou nas lojas. Ela presenteia amigas com alguns frascos, borrifa os provadores das lojas. Rapidamente a notícia se espalha e o sucesso é maior do que se poderia imaginar. Quando o fundador da loja de departamento Galeries Lafayette, Théophile Bader, quis vender o No. 5, ela precisava expandir a produção. Bader apresentou Chanel para seu amigo Pierre Wertheimer, um dos donos da empresa de cosméticos Bourjois.
E em 1924, três anos depois de lançar o perfume que definiria seu nome, sua marca, Chanel funda Les Parfums Chanel com a dupla. Wertheimer, que produziria o No. 5 na fábrica da Bourjois, ficaria com 70% do lucro, Bader, como bonificação, teria 20%. Chanel ficaria com 10%. Não demorou para ela perceber que tinha sido enganada. Chanel entrou com tantos processos para ter mais controle sobre a empresa e mais lucro, que em 1928 os Wertheimer tinham um advogado exclusivamente para cuidar dela.
Nos anos 20 Chanel lança mais alguns perfumes: No. 22 é de 1922, Bois des Iles, de 1926, Cuir de Russie, de 1927. Todos bem sucedidos, mas não como No. 5, que em 1929 foi declarado o perfume mais vendido no mundo. É com a ocupação alemã, em 1940, que Chanel tenta uma cartada cruel pelo controle do perfume que levou seu nome a outro patamar de conhecimento. Mas continuo num próximo post.”
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