Ajeitar umas coisas te ajuda a relaxar?
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Ajeitar umas coisas te ajuda a relaxar?

por Vânia Goy

Com a temporada do signo de gêmeos aberta, não faltam memes encaminhados por amigos nas minhas caixas de entrada (meu aniversário é no dia 15 de junho). Um deles fazia uma brincadeira entre descansar e dobrar as roupas limpas e sim, eu acho organizar coisas extremamente relaxante. Me lembro quando terminei um namoro e, desolada, passei um domingo arrumando, por cor,  as estantes de CDs de uma amiga com uma centena de caixinhas até formar um degradê, kkkrying.

Para uma pessoa com um leve TOC, realinhar coisinhas, ordenar armários, regar e reparar nas plantas do escritório, deixar o acervo com as categorias de produtos em dia me desperta uma sensação de satisfação. E não é que eu sou organizadíssima não, mas ajeitar umas coisas me faz bem. Organizar por fora me ajuda a organizar por dentro e não tô sozinha nisso, tenho certeza. Durante a pandemia, acompanhei reportagens e um monte de stories de amigos que andavam renovando seu interesse por coisas triviais da casa.  

Claro que eu fui pesquisar se alguém fez um estudo sobre o assunto. Aprendi que esse jeito de fazer as coisas sem pressa, relax, tem até nome entre os gringos: puttering. E, numa matéria da BBC, li que pesquisadores da Florida State University fizeram um estudo sobre os benefícios de lavar a louça com 51 pessoas. Metade leu um texto que os encorajou a focar seus pensamentos nas sensações evocadas pela atividade – o bom e velho mindfulness, o exercício de presença total. O resto não recebeu instruções assim e, respondendo um questionário sobre sentimentos depois da faxina, o time que focou nas sensações relatou um humor melhor, menos nervosismo e até uma sensação de limpeza mental. 

Distrações como essas são diferentes de outras, como por exemplo, ver TV ou jogar algo, porque concluir pequenas tarefas aumenta a nossa sensação de controle e pode ter efeito sobre momentos ansiosos, que a gente anda preocupado, não vê solução ou se sente sem comando. E o corpo responde fisiologicamente a essa motivação, que acaba sendo terapêutica por agir como um consolo.

No ótimo “A voz na sua cabeça: Como reduzir o ruído mental e transformar nosso crítico interno em maior aliado“, o neurocientista americano Ethan Kross, da Universidade de Michigan, fala justamente sobre como estamos os espaços que habitamos no cotidiano repercutem dentro de nós. “Diferentes características desses espaços ativam forças psicológicas dentro de nós, que afetam como pensamos e sentimos”. Se vemos ordem do lado de fora, isso nos ajuda a nos sentir um pouco menos caóticos por dentro, escreve ele. “É reconfortante porque torna a vida mais fácil de navegar e mais previsível.”

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