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Além do prazer: 3 benefícios da masturbação para corpo e mente
por Larissa Nara
ILUSTRAÇÃO: VICTORIA ANDREOLLI
A gente vem falando sobre como a pandemia impulsionou a conversa sobre bem-estar e cuidado sexual, principalmente entre as mulheres. Desde então, temas como saúde íntima, prazer e masturbação tem se distanciado (ainda bem!) de tabus e preconceitos e se aproximado cada vez mais de pautas que envolvem aceitação, saúde física e mental e, principalmente autoconhecimento e intimidade com o próprio corpo. Segundo Roberta Grabert, ginecologista em São Paulo, a saúde sexual, inclusive, também já faz parte do conceito da OMS — que define saúde como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente ausência de afecções e enfermidades.
E o mercado responde ao interesse: uma pesquisa de 2021 realizada pela Mintel mostrou que mulheres entre 18 e 34 anos estão investindo mais dinheiro em produtos focados na saúde íntima e prazer sexual — categoria de mercado que só cresce e envolve desde sex toys com design minimalista a aplicativos eróticos não visuais, lubrificantes e séruns com fórmulas amigas da região íntima. “Quando falamos de mulheres e saúde feminina, estamos abarcando pessoas com diferentes jornadas e necessidades. É fundamental ter essa sensibilidade quando olhamos para inovação”, diz Marina Ratton, fundadora e CEO da femtech Feel.
A masturbação tá online
Apesar desses desejos e avanços, Roberta diz que a masturbação feminina ainda é tabu para muitas mulheres, principalmente nos consultórios. “São raros os profissionais de saúde com disponibilidade ou mesmo naturalidade para abordar suas pacientes. É preciso colocar o assunto com cuidado e respeito, pois há questões sociais, culturais e religiosas envolvidas. Impossível falar sobre o tema em uma consulta de 15 minutos”, fala. Segundo ela, muitas vezes o primeiro contato íntimo com a vulva, o clitóris e a vagina acontece em parceria, ou seja, mulheres que conhecem o próprio corpo por intermédio de outrem. “É comum ver que mulheres sem a menor intimidade com o seu corpo, que sentem que o prazer alheio é mais importante do que o seu próprio.”
Para Giovana Machado, fisioterapeuta pélvica e sexóloga em São Paulo, quando tratamos a masturbação com mais leveza, sem culpa e deixando crenças limitantes e tabus de lado, conseguimos usufruir melhor de todos os benefícios que a prática traz e que vão além do prazer. “Acredito que a masturbação, além de ser extremamente saudável para a nossa saúde física e mental, é um ato de empoderamento sexual, amor-próprio e autoconhecimento”, diz.
Masturbação além do orgasmo
1. Ajuda a dormir mais e melhor
O toque melhora o aporte sanguíneo na região íntima e aumenta a liberação de hormônios como endorfina, dopamina e ocitocina, que contribuem para o bem-estar e relaxamento, o que favorece um sono de maior qualidade e reparação.
2. Alivia dores menstruais
“Quando estamos menstruadas, se tivermos a prática da masturbação associada, conseguimos aliviar algumas dores, como cólicas, por exemplo. Isso porque a prática estimula a liberação de substâncias químicas que têm efeito analgésico e atuam no nosso bem-estar físico”, diz a sexóloga.
3. Fortalece a musculatura pélvica e contribui para a saúde da região
Segundo a especialista, ao nos masturbarmos trabalhamos diretamente com os músculos da região. “Há uma contração involuntária da musculatura íntima, de todo o assoalho pélvico e até da região interna da coxa, glúteos e abdominais. Além disso, como o aporte sanguíneo aumenta, há maior oxigenação e aumento da viçosidade da região da vulva como um todo”, diz.
Para começar
Para quem quer começar e ainda não sabe como, vale começar conhecendo o corpo. Em um material desenvolvido especialmente para o assunto, Giovana indica fazer um exercício de olhar a vulva no espelho. “Olhar, procurar e identificar é uma excelente forma de conhecer o corpo e derrubar todos os tabus de que a região íntima é ‘feia’ e ‘suja’”, diz. Além disso, é importante manter a higiene das mãos, sex toys ou o que for ser utilizado, usar lubrificante à base de água e, principalmente, respeitar o corpo. “É preciso ir com calma, respeite os limites e ouvir o que o seu corpo pede. Muitas vezes a gente se afoba demais e acaba não aproveitando o momento”, continua.
Por fim, vale lembrar que, assim como acontece em uma relação sexual acompanhada, o orgasmo é uma consequência, e não um objetivo. “Durante o ciclo de resposta sexual a gente tem o desejo, a excitação, o orgamos e o pós-orgasmo. Quando encaramos o orgasmo como objetivo, podemos nos frustrar e deixamos de curtir o momento. Já quando o tratamos como a consequência de um momento que foi prazeroso, ele vem com mais naturalidade e traz todos os seus benefícios. Se você não teve um durante a masturbação, mas sentiu que ela foi gostosa, maravilha!”, finaliza.
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