Relax
Tanque de flutuação: porque boiar durante uma hora pode fazer tão bem para o corpo e para a mente
por Vânia Goy
Tenho uma sensação favorita na vida: boiar. Não tem nada mais gostoso para mim do que ficar flutuando no mar calmo, morno. Acho muito relaxante não ter que administrar o peso da minha cabeça (já reparou como a sua pesa sobre os ombros?) e também ficar nesse mundo meio sem som, sem muitos estímulos. Quando criança, esperava meu chegar na praia para me levar “no fundo”, como eu dizia quando a gente nadava até depois da rebentação e ele ficava ali, me segurando. Sempre achei que voar devia ser parecido com boiar.
Por isso fiquei tão animada quando o Tobias Norp, fundador do Flutuar Float Center, novidade aqui em São Paulo, me convidou para testar um dos seus tanques. Eu já tinha ido uma experiência parecida quando fiz um dos tratamentos detox do Botanique Spa, que fica em Campos do Jordão, mas nunca tinha entrado nessa espécie de banheira hi-tech.
O espaço conta com três tanques. Eles são rasos como uma banheira e cheios de água aquecida a 35,5°C e sal epsom. É essa substância que faz a mágica de te fazer boiar mesmo sem você saber (ou querer!). Ele também é conhecido como sulfato de magnésio ou sal amargo, à venda nas farmácias e famoso pelo efeito laxante. Segundo Tobias, ele é absorvido rapidamente pelo corpo, tem ação anti-inflamatória e desintoxicante, ajudando a relaxar músculos, melhorar cãibras. O protocolo faz sucesso entre atletas e entre quem sofre de dores nas articulações, mas não só. Os benefícios da flutuação vão além dos fisiológicos.
Antes de mergulhar, é preciso tomar um banho e lavar o cabelo para retirar qualquer traço de hidratante, perfume ou condicionador. Também coloquei protetores nos ouvidos como os que a gente ganha no avião. Em seguida, é só entrar na câmara, fechar a tampa e deitar. Lá dentro tem espaço suficiente para abrir os braços e as pernas e também sentar — o tanque é maior do que parece, acredite. Dois botões enormes ficam acessíveis: o da luz e outro de emergência. E o mecanismo para abrir a tampa é fácil de ser alcançado e muito leve.
A sessão começa com uma música relaxante que toca por algum tempo. Em seguida, silêncio total. Pouco antes da sessão terminar, a música volta a tocar te ajudando a recobrar a consciência e avisando que o tempo está acabando. Esse recurso é ótimo porque dá para sair do estado de relaxamento no seu tempo, sem precisar falar com ninguém.
Meu primeiro pensamento foi ficar com a cabeça próxima à porta, para que eu alcançasse a maçaneta caso me sentisse aflita com o ambiente fechado. Desliguei a luz, mas fiquei ansiosa no escuro total, sem entender as dimensões do ambiente. Mantive a luz azul, que também cumpre uma função de relaxamento pelas propriedades cromoterápicas, ligada por um tempo. Tobias me disse, inclusive, que é possível fazer a sessão com a porta ou uma fresta aberta para reduzir o desconforto. “90% das pessoas que já passaram por aqui tem uma experiência muito positiva” disse. “Somos muito cuidadosos em explicar que você tem controle total da experiência e ela pode ser encerrada facilmente a qualquer momento.”
Quando a música parou de tocar apaguei a luz e tive a melhor viagem possível. Entrei naquele estado meditativo que você sabe onde está, mas não sabe exatamente se dormiu ou não. Acho que chegar nesse lugar fica relativamente fácil porque você fica ouvindo o seu coração bater e o ar entrar e sair do seu corpo, num ritmo constante. Depois comecei a sentir as extremidades do meu corpo quentes e ele pulsando todinho no ritmo da respiração. As regiões mais tensas, como o trapézio, pescoço e ombros, tinham estímulos mais vigorosos. Terminei a sessão desperta, mas muito relaxada. Sai da banheira mole, mal conseguia falar.
Tobias me disse que depois de ter acompanhado 2 mil clientes já consegue identificar dois grupos: os que têm uma experiência profunda e meditativa e os que, ao contrário, acabam com as funções cognitivas potencializadas porque a mente
não está distraída com outros estímulos nem em cuidar do corpo. “O pensamento fica claro e linear e até bons insights aparecem!”
Publicitário e egresso do time do Facebook, ele descobriu a flutuação num podcast, experimentou e, adepto da técnica, resolveu abrir um centro focado exclusivamente no assunto, o único no Brasil. A sua recomendação é fazer a flutuação semanalmente (e o espaço já conta com pacotes para tanto), mas ele avisa que sessões pontuais também são muito eficientes. Os adeptos também podem ir além dos 60 minutos (R$ 180) e permanecer 90 e 120 minutos (R$ 240) na água. Plus: ainda dá para sair da banheira e fazer uma massagem na sequência (R$ 300)!
Mais informações: http://flutuar.me