Para aproveitar as manhãs
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Para aproveitar as manhãs

por Vânia Goy

Nunca fui uma pessoa diurna. Me lembro de desejar, quando era adolescente, que o fim de semana chegasse para eu dormir a manhã toda. Mas desde que fui morar sozinha me habituei a acordar naturalmente cedo. Nos últimos meses, muitas mudanças na minha rotina me deram um gás para eu aproveitar ainda mais as manhãs. As primeiras horas do dia são cruciais pro resto dele andar bem, ainda mais trabalhando em casa (só consigo começar com tudo organizado!). Não dá mais para correr pro escritório e largar a casa de ponta cabeça pra trás. O café-da-manhã é minha refeição favorita e vital para eu conseguir passar o resto do dia comendo direitinho. Também boto mais energia na rotina de skincare da manhã. Essa é a hora que aproveito para testar umas maquiagens, fotografo e preparo as publicações dos Stories do Instagram. Leio as notícias do dia e só então vou pro computador, lá pras 9h.

Mesmo sendo organizada, andava sentindo falta de fazer outras coisas para mim. E comecei a despertar ainda mais cedo. Cada vez que falo que meu alarme toca às 5h30, 6h00, as pessoas já entram em pânico ou dão risada de nervoso. Por isso sugiro manter o foco nos hábitos descritos abaixo, não necessariamente no horário. De repente funciona à noite para quem gosta de dormir tarde. Ou tem um tempinho no almoço para desligar.

O principal para mim foi pensar sobre o tempo. Ou sobre o tanto que a gente repete que não tem tempo para coisas. Entender que eu não queria mais esperar chegar o tal o momento propício mudou tudo. Por que às vezes a gente idealiza que ele vai chegar só lá no futuro. O dia que terei mais tempo para fazer um curso de meditação. O dia que vou trabalhar menos e conseguir aproveitar as manhãs. O dia que vou ter mais dinheiro para fazer massagens relaxantes. Talvez esses dias não cheguem tão rápido e eu não quero mais esperar para começar a fazer coisas que são importantes pra mim.

É gostoso começar o dia enquanto as pessoas ainda dormem e tudo está calmo e silencioso lá fora. Então é isso: às vezes levanto tão cedo que ainda está escuro. Vou pra cozinha tomar uma água e fazer um chá. É bonito porque em geral eu ainda estou tão letárgica que nem consigo pensar direito. Fico ali assistindo o dia amanhecer enquanto a água ferve, o chá descansa e tal. Dez minutos fazendo nada e pensando pouco.

Depois faço alguns minutos de pranayama, exercícios respiratórios que me ajudam muito a controlar a ansiedade, despertar e me preparar para a meditação. Depois medito por 10 ou 20 minutos. Em dias que não consigo acordar tão cedo, 5.

Tenho um caderno onde anoto meus sonhos e reflexões pra discutir na análise. Ou crio meus mantras. Especialmente em fases difíceis e tristes, quando preciso me lembrar e repetir todos os dias coisas boas sobre mim mesma, coisas que acredito. Separo uns 20 minutos para ler um livro que não seja de trabalho e depois vou pro banho.

Parece muita coisa, mas consigo resolver em uma hora, uma hora e meia se tô mais animadona. Saio me arrastando da cama, mas às 7h, de banho tomado, sinto uma alegria imensa de ter conseguido ficar sozinha, sem telefone, sem ninguém chamando, sem barulho na rua, sem ficar lembrando de algo que precisa ser resolvido (quase nada dá pra ser resolvido de imediato às 6h da manhã). Parece difícil, mas experimente insistir algumas semanas. Consistência é fundamental para incorporar novos hábitos no dia a dia. E nem acho que as suas atividades tem de ser parecidas com essas. Insisto no poder dos rituais para salvar a nossas mentes do automatismo e deixar tudo mais gostoso, criativo e com significado, mas o mais importante é construir práticas que funcionem para a sua personalidade de estilo de vida. Tem gente que precisa correr de manhã, dançar ou quer retomar o hábito de se maquiar, de ler o jornal. Você escolhe!

Também penso demais que esse não é um momento de cumprir metas, de realizar tarefas perfeitamente. Tem dias que preciso de mais horas de sono (passei o inverno despertando às 7h00, por exemplo), que medito menos tempo, que não tenho nada pra anotar, que nem quero ler. E tudo bem. Já reparou que a gente não sabe fazer nada? Isso é uma das coisas que quero muito conseguir fazer mais.

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